Mestre Negoativo e sua banda celebraram a história e a cultura da população negra de Minas Gerais em uma apresentação que emocionou o público. O show, realizado na noite de sexta-feira, marcou o encerramento da 27ª edição do festival Sonora Brasil, lotando o Sesc Caborê, em Paraty.
O espetáculo mergulhou na história da população negra, figura central na construção de Minas Gerais, muitas vezes esquecida. “Esse espetáculo faz o caminho dessa Minas Gerais preta, que existe também. Ela só não é mostrada”, afirmou Mestre Negoativo. O artista ressaltou a importância de sua geração em despertar o interesse das novas gerações para a “afro-mineiridade”, incentivando-as a assumir e divulgar essa identidade.
Através de suas canções, Negoativo abordou temas como a violência contínua contra a população negra, a resistência através da arte e a celebração da ancestralidade. A memória do trabalho forçado imposto aos escravizados, especialmente no garimpo, também foi trazida à tona, assim como a importância dos quilombos na preservação da cultura e dos conhecimentos tradicionais.
“O show é um movimento sankofa, um movimento africano que a comunidade preta no mundo está fazendo de retorno”, explicou o músico. “Como se fosse um regresso, a gente acessar o que nos pertence de fato. Enquanto um afro-brasileiro, afro-mineiro, eu também estou fazendo esse regresso”.
Mestre Negoativo compartilhou sua trajetória pessoal, destacando a influência de suas avós, de sua mãe e de outras pessoas ligadas aos quilombos, que mantiveram viva a cultura ancestral. O berimbau, instrumento central em sua apresentação, foi descrito como uma “ponte ancestral” que o conectou ao continente africano. “Por meio do berimbau, eu conheci a capoeira”, revelou.
Ele citou ainda James Brown e Bob Marley como referências fundamentais em sua formação, tanto social quanto racial e política.
No Sonora Brasil, Mestre Negoativo dividiu o palco com Douglas Din, ambos representando a música regional mineira. O projeto os levou a percorrer o país, mas Din não pôde participar da apresentação final por motivos de saúde. Negoativo descreveu o encontro como “um encontro diaspórico de gerações”, destacando a riqueza da troca de experiências entre sua abordagem, ligada às manifestações pretas de Minas Gerais, e a de Din, vindo da linhagem do hip-hop e do rap.
O festival Sonora Brasil, promovido pelo Sesc, tem como objetivo levar ao público a diversidade da música brasileira, reunindo artistas e grupos de diferentes tendências regionais. Na edição 2024-2025, dez formações artísticas realizaram mais de 300 shows em cerca de 70 cidades, apresentando suas referências, estilos e instrumentos em performances inéditas.
O festival prossegue com shows de Geraldo Espíndola & Marcelo Loureiro, representando ritmos do Mato Grosso do Sul, e Manoel Cordeiro & Felipe Cordeiro, apresentando a música do Pará.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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