O limite de decibéis na cidade de São Paulo já foi parar na Justiça e chegou a ser debatido na Câmara Municipal em relação a grandes eventos, mas atualmente não há uma regra específica. Segundo a prefeitura, a média na cidade é de 60 decibéis das 7h às 19h. Das 19h às 22h, a altura média permitida é de 55 decibéis. Das 22h às 7h, o limite estabelecido é de 50 decibéis.
A constante exposição ao ruído extremo pode trazer consequências irreversíveis com o tempo para a audição, explicou Arthur Menino Castilho, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e presidente da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO).
De imediato, o prejuízo para a saúde pode ser o mental. As noites maldormidas, os sustos com buzinadas e os sons dos motores podem desencadear ansiedade, estresse, cansaço entre outras situações, pontuou o especialista.
Um comerciante que mora e tem uma oficina que reforma imóveis na área do viaduto da Avenida Santo Amaro contou que para fugir do barulho mesmo dentro de casa à noite usa fones de ouvidos: “Coloca no tablet algum vídeo ou joga vídeo game. Aí não dá para ouvir nada”.
Espuma no ouvido
Davi mostrou onde brinca, passa o tempo com o pai e o espaço em que dorme. Tapumes e panos formam a morada da família no viaduto. Embaixo de uma lâmpada Led giratória instalada pendurada ao lado da cama, o menino demonstrou como se vira para dormir.
“Quando eu tô dormindo, o barulho irrita. Meu ouvido é sensível. Eu consigo escutar tudo. Quando eu vou dormir, coloco a espuma no ouvido para o barulho não me irritar. Quando eu perco, coloco a almofada.”
O garoto também faz uso de inalador e faz tratamento para asma. Antes de apresentar Lion, seu cachorro, ele pediu um tempinho para descansar.
“Tô bem não. Mas meu pai vai ‘espirrar’ o remédio e já te mostro o meu cachorro e onde eu brinco”, disse Davi.
O pai olha para o filho antes de ganhar um abraço e diz: “O que eu puder fazer por ele, eu passo fome, mas ele come. Você é minha vida”.