Morre Léa Garcia, atriz que seria homenageada hoje no Festival de Cinema de Gramado

A atriz Léa Garcia morreu nesta terça-feira, dia 15 de agosto, aos 90 anos. Ela iria receber o Troféu Oscarito hoje à noite no Festival de Cinema de Gramado, a mais tradicional honraria do Festival. Segundo o filho e empresário de Léa, Marcelo Garcia, ela teve um infarto.

O anúncio da morte foi feito em seu perfil do Instagram:

https://www.instagram.com/p/Cv9sVcNud6A/?utm_source=ig_embed&ig_rid=b02d79af-215b-4c5f-81c4-422398c02228

 

A atriz receberia o troféu Oscarito ao lado de Laura Cardoso. As duas foram vistas juntas no sábado, 12, em uma das sessões do festival. Léa Garcia possui uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto.

Ela possuía no currículo mais de 100 produções, incluindo cinema, teatro e televisão, e continuava no pleno exercício da profissão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França.

Nascida na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, em 1933, a atriz teve extensa carreira em teatro, cinema e televisão, e desenvolveu consciência político-racial que perpassa sua atuação artística com uma postura questionadora sobre o lugar do negro na sociedade e na arte.

Um de seus papéis de destaque no teatro foi com Orfeu da Conceição (1956), de Vinicius de Moraes, como Mira, no início de sua carreira. Ensaiando com o próprio autor, apresentou o espetáculo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Na televisão, sua estreia se deu em 1950 no Grande Teatro da TV Tupi. Participou de produções como Vendem-se Terrenos no Céu (1963),  Assim na Terra como no Céu (1970),  Doce Namorada (1971), Os Ossos do Barão (1973), A Moreninha (1975), Escrava Isaura (1976), seu maior sucesso, entre outras. Recentemente, ela estava em negociação para reviver a personagem Chica Xavier no remake da novela Renascer, segundo informações do jornal O Globo. A artista esteve em cartaz nos palcos de São Paulo no final do ano passado ao lado de Emiliano Queiroz. Os dois apresentaram o espetáculo A Vida Não é Justa, dirigida por Tonico Pereira, no Sesc Santana.

Neste ano, Léa havia participado do lançamento da biografia Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia, escrita por Julio Claudio da Silva. Nascida em 11 de março de 1933 no Rio de Janeiro, a atriz teve grande importância ao coroar o espaço de artistas negros na dramaturgia brasileira.

Ativismo antirracista

Foi aos 16 anos que Léa conheceu o Teatro Experimental do Negro (TEN), trupe liderada por Abdias do Nascimento, conforme a biografia traçada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos afro-brasileiros (Ipeafro). A estreia da atriz nos palcos se deu em 1952, com Rapsódia Negra, em que ela interpretava uma poesia de Castro Alves. Demorou para que Abdias a convencesse a atuar, mas Léa estaria presente em sete montagens do TEN.

Foram inúmeros os espetáculos em que Léa esteve presente com sua voz firme. Dentre elas, além de como Orfeu da Conceição, estão Anjo Negro e Perdoa-me por traíres de Nelson Rodrigues, e Romeu e Julieta.

Léa também colecionou participações em filmes, como Ganga Zumba e O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues.

Léa Garcia estava em Gramado para receber o Troféu Oscarito na noite desta terça-feira, 15.

 

Léa Garcia no tapete vermelho com os fãs.

 

Léa Garcia e Laura Cardoso com o curador Caio Blat

 

Fonte: CORREIO DO POVO

 

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