Ministério da Saúde avança com multivacinação e inicia campanha em mais sete estados

Desde sábado, sete estados iniciam a campanha de multivacinação do Ministério da Saúde para crianças e adolescentes menores de 15 anos de idade. A mobilização começará simultaneamente na Paraíba, Ceará, Piauí, Alagoas, Tocantins, Goiás e em São Paulo. O objetivo é atualizar as cadernetas de imunização e elevar as coberturas vacinais, reduzindo o risco de reintrodução e disseminação de doenças preveníveis por vacina no Brasil. Entre os principais imunizantes, além da poliomielite, estão as vacinas contra hepatites, BCG, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e Covid-19.

No primeiro semestre de 2023, a multivacinação foi antecipada no Amazonas, no Acre e no Amapá. A escolha dos estados buscou conter doenças já eliminadas no Brasil, diante da queda das coberturas vacinais registrada nos últimos anos. O alerta se deu, ainda, pelo risco de reintrodução da poliomielite, doença que foi notificada em março deste ano no Peru, em região de fronteira. Desde 2016, o Brasil consta na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como local de risco muito alto para a reintrodução da doença.

“O nosso país era o mais respeitado do mundo quando se falava em vacinação, mas com a queda das coberturas vacinais nos últimos anos, nós temos, infelizmente, o risco de reintrodução de doenças que estavam eliminadas no Brasil. Por isso, precisamos proteger as nossas crianças e os nossos adolescentes. Temos uma responsabilidade fundamental, algo definido no estatuto da criança e do adolescente como um direito. O direito à vacina é o direito à proteção, é o direito à vida que não pode ser negado”, destaca a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Microplanejamento

Em uma estratégia inédita, o Ministério da Saúde está promovendo ações de microplanejamento nos estados, conforme o calendário da multivacinação. As equipes da pasta vão percorrer todo o Brasil em oficinas com gestores e lideranças locais, para ajustar a estratégia de vacinação de acordo com as realidades locais.

Método recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o microplanejamento consiste em diversas atividades com foco na realidade local, desde a definição da população alvo, escolha das vacinas, definição de datas e locais de vacinação, até a logística. A proposta é alinhar essas estratégias com gestores e lideranças locais para alcançar melhores resultados e melhorar as coberturas vacinais.

Essas iniciativas contribuem para que as metas de vacinação sejam atingidas. Entre as estratégias que podem ser adotadas com a estratégia de microplanejamento pelos municípios, estão a realização do Dia D de vacinação, busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação nas escolas, vacinação para além das unidades de saúde, checagem da caderneta de vacinação e intensificação da vacinação em áreas indígenas.

Investimento para estados e municípios

Para o desenvolvimento das ações de multivacinação, o Ministério da Saúde destinou mais de R$ 151 milhões a estados e municípios. Esse recurso faz parte das ações de microplanejamento. A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do governo federal, especialmente em crianças e adolescentes, público considerado prioritário.

No ano passado, a cobertura vacinal contra a poliomielite na Paraíba ficou em 72,5%, abaixo dos 95% esperados. Já a proteção contra a febre amarela e a hepatite A, por exemplo, ficou em 51% e 70%, respectivamente. Para fortalecer as ações de vacinação nos municípios, o Ministério da Saúde está investindo R$ 2,2 milhões. Outros R$ 229 mil foram destinados para ações do estado.

No Ceará, em 2022, a cobertura vacinal contra a poliomielite ficou em 86,4%. Contra a febre amarela, no mesmo período, a cobertura foi de 52% e, contra a hepatite A, ficou em 79,5%. Foram destinados R$ 5,1 milhões para as ações de multivacinação nos municípios cearenses. Outros R$ 519 mil serão destinados ao estado.

Já no Piauí, a cobertura vacinal contra a poliomielite ficou em 87% no ano passado. Os índices contra febre amarela e hepatite A alcançaram 71% e 76,8% respectivamente. No total, o Ministério da Saúde destinou R$ 2,7 milhões para as ações municipais e R$ 277 mil para o estado.

Em Alagoas, no ano anterior, a cobertura vacinal contra a pólio ficou em 86%. Para febre amarela, a cobertura ficou em 55% e contra hepatite A, 79%. Para apoiar as ações nos municípios alagoanos, o Ministério da Saúde está investindo R$ 2,1 milhões. Já para o estado, foram investidos R$ 210 mil.

No estado do Tocantins, as coberturas vacinais contra a poliomielite, febre amarela e hepatite A ficaram em 85%, 69% e 81% respectivamente. Foram destinados R$ 1,6 milhão para as ações de multivacinação nos municípios. Outros R$ 165 mil foram destinados ao estado.

Em Goiás, a cobertura vacinal contra a poliomielite, que protege contra a paralisia infantil, ficou em 76,6% no ano passado. Para a BCG, a cobertura vacinal foi de 79,6% e, contra a hepatite B em crianças até 30 dias de vida, o índice ficou em 75,8%. Para apoiar as ações nos municípios goianos, o Ministério da Saúde investiu R$ 4,5 milhões. Para no estado, foram investidos R$ 451 mil.

No estado de São Paulo, por sua vez, o terceiro da região Sudeste a receber esta etapa da multivacinação, a cobertura vacinal contra a pólio ficou em 77% no ano passado. Para a BCG, que protege as crianças contra a tuberculose, a cobertura foi de 82%. Já a cobertura contra a febre amarela no estado ficou em 64%. Foram destinados R$ 20,5 milhões para as ações de multivacinação nos municípios paulistas. Outros R$ 2 milhões foram destinados ao estado.

Próximas etapas

Rondônia, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte serão os próximos estados a receber a campanha de multivacinação. As ações nas unidades de saúde dos municípios rondonienses começam no dia 2 de outubro. Nos demais estados, a mobilização começa no dia 7 de outubro.

Movimento Nacional pela Vacinação

O Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em fevereiro deste ano pelo Ministério da Saúde, tem o objetivo de retomar a confiança da população brasileira nas vacinas e da cultura de vacinação do país. A iniciativa é considerada um grande movimento, com diversos atores da sociedade. A ação inclui vacinação contra a Covid-19 e outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação em várias etapas ao longo de 2023, incluindo a multivacinação de crianças e adolescentes.

 

 

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