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Marco legal contra o crime organizado Aprovado no senado volta à Câmara

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O Senado Federal aprovou por unanimidade, nesta quarta-feira (10), um projeto de lei denominado Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, popularmente conhecido como PL Antifacção. A proposta representa um avanço significativo na legislação penal brasileira, visando endurecer as medidas contra organizações criminosas e milícias. O texto, que recebeu aval unânime dos senadores, segue agora para nova análise e votação na Câmara dos Deputados, onde poderá ser mantido, alterado ou rejeitado. A iniciativa busca fortalecer as ferramentas do Estado no enfrentamento à criminalidade organizada, propondo aumento de penas, rigor na progressão de regime e novas fontes de financiamento para a segurança pública. A aprovação no Senado marca um momento crucial na discussão sobre a segurança no país, prometendo impactar diretamente a forma como o sistema de justiça lida com as facções.

Endurecimento das penas e definição de facção

Novas regras para a punição de criminosos

O Marco Legal de Combate ao Crime Organizado propõe um aumento substancial nas penas para indivíduos envolvidos com grupos criminosos. Em casos específicos, as sanções podem atingir até 120 anos de reclusão. Uma das diretrizes centrais do projeto é a exigência de cumprimento dessas penas em presídios federais de segurança máxima, especialmente quando se trata de líderes de facções ou milícias. Esta medida visa isolar as lideranças, dificultando a comunicação e a coordenação de atividades criminosas de dentro das prisões.

O projeto também se debruça sobre a importante tarefa de definir o que constitui uma “facção criminosa”, estabelecendo critérios claros para sua caracterização legal. É fundamental notar que o texto opta por não equiparar as ações de facções ao terrorismo. A distinção se baseia na compreensão de que o terrorismo tem como objetivo principal intimidar ou forçar um governo ou população a agir por motivos políticos, ideológicos ou religiosos. As organizações criminosas, por outro lado, embora possam gerar uma sensação de terror, geralmente agem para preservar suas empreitadas econômicas e financeiras ilícitas. O uso de táticas violentas, como drones ou explosivos, por criminosos não é interpretado como uma tentativa de alteração do governo ou de políticas, mas sim como uma ferramenta para proteger seus interesses lucrativos. Dessa forma, apesar da consequência natural de terror gerada pelas ações dessas organizações, elas não se enquadram na definição técnica e doutrinária de terrorismo.

Progressão de pena mais rigorosa

Outro ponto crucial do PL Antifacção é o endurecimento das regras para a progressão de pena, que determina quando um condenado pode passar de um regime prisional mais rigoroso para um mais brando. Conforme a proposta, crimes hediondos exigirão o cumprimento de, pelo menos, 70% da pena em regime fechado. Para os integrantes de facções ou milícias, esse percentual é ainda maior, variando entre 75% e 85% do tempo de condenação a ser cumprido em regime fechado. O texto prevê ainda que, em caso de reincidência, esses percentuais podem ser aumentados, tornando a progressão de pena ainda mais difícil. Essa medida busca garantir que criminosos de alta periculosidade permaneçam mais tempo sob custódia em regime fechado, reduzindo o risco de reincidência e protegendo a sociedade. O objetivo é criar um sistema penal mais dissuasório e punitivo para aqueles que se envolvem com o crime organizado.

Financiamento e integração na segurança pública

Criação da Cide sobre apostas online

Uma inovação significativa apresentada pelo projeto de lei é a criação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre as apostas online, conhecida como Cide Bets. Esta contribuição será uma alíquota de 15% aplicada sobre as transferências de valores realizadas por pessoas físicas para as plataformas virtuais de jogos. A arrecadação estimada para esta Cide é impressionante, podendo alcançar até R$ 30 bilhões anualmente, conforme estimativas baseadas em dados fornecidos pelo Banco Central em audiências públicas.

O diferencial dessa nova fonte de receita é sua destinação exclusiva: todos os recursos arrecadados serão direcionados para o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). Este montante é considerado o maior investimento em segurança pública já previsto na história do país, representando uma injeção robusta de recursos para o combate ao crime organizado. A Cide Bets surge como uma solução inovadora para financiar políticas e operações de segurança, sem depender exclusivamente de outras fontes fiscais já sobrecarregadas, aproveitando o crescimento exponencial do mercado de apostas online no Brasil. A expectativa é que esses recursos permitam modernizar equipamentos, investir em tecnologia, capacitar profissionais e fortalecer as operações de inteligência contra as organizações criminosas.

Fortalecimento da integração policial

O PL Antifacção também aborda a necessidade de uma maior integração entre as diversas forças policiais do país. Para isso, o projeto formaliza e fortalece as Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficcos). As Ficcos são estruturas que reúnem policiais federais, civis, militares e rodoviários federais, com o objetivo de compartilhar informações, recursos e estratégias no combate a grupos criminosos complexos.

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A formalização e o incentivo à integração das polícias visam superar as barreiras burocráticas e jurisdicionais que muitas vezes dificultam a ação coordenada contra o crime organizado, que opera sem se prender a limites territoriais ou institucionais. Ao promover a colaboração efetiva entre as corporações, o projeto busca otimizar as operações de inteligência e repressão, tornando-as mais eficientes e abrangentes. A integração das polícias é vista como um pilar fundamental para desmantelar esquemas criminosos, apreender bens ilícitos e prender lideranças, fortalecendo a capacidade do Estado de responder de forma contundente à ameaça das facções e milícias.

Próximos passos e impactos esperados

O Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, após sua aprovação unânime no Senado, representa um esforço legislativo abrangente para modernizar e fortalecer as ferramentas jurídicas e operacionais contra as facções criminosas no Brasil. As propostas de endurecimento de penas, o rigor na progressão de regime, a clara diferenciação entre facção e terrorismo, e a inovadora fonte de financiamento via Cide sobre apostas online, somadas à formalização das Ficcos, desenham um cenário de maior enfrentamento à criminalidade organizada.

A etapa subsequente é crucial: a análise na Câmara dos Deputados. É nesse momento que o texto passará por um novo escrutínio, podendo sofrer emendas ou ser aprovado como está. A aprovação final do PL Antifacção, caso ocorra, terá implicações profundas na segurança pública brasileira, prometendo um regime mais severo para os criminosos e um fortalecimento sem precedentes na capacidade de resposta do Estado. A expectativa é de que essas medidas, em conjunto, contribuam para a redução da atuação de organizações criminosas, trazendo maior tranquilidade à população e consolidando um marco legal robusto no combate a um dos maiores desafios do país.

Perguntas frequentes sobre o PL Antifacção

O que é o PL Antifacção e qual seu principal objetivo?
O PL Antifacção, também conhecido como Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, é um projeto de lei que visa endurecer as penas para integrantes de grupos criminosos, tornar mais rigorosa a progressão de pena e criar novas fontes de financiamento para a segurança pública, fortalecendo a capacidade do Estado de enfrentar facções e milícias.

Como o projeto de lei diferencia facção criminosa de terrorismo?
O projeto estabelece que, embora as facções possam gerar terror, suas ações têm como principal objetivo a preservação de empreitadas econômicas ilícitas, não buscando alterar o governo ou a população por motivos políticos, ideológicos ou religiosos, que são características do terrorismo.

Qual o impacto da Cide sobre apostas online na segurança pública?
A Cide sobre apostas online (Cide Bets) é uma nova contribuição de 15% sobre transferências para plataformas de jogos. Ela tem uma estimativa de arrecadação anual de até R$ 30 bilhões, que serão destinados exclusivamente ao Fundo Nacional de Segurança Pública, representando um dos maiores investimentos em segurança pública da história do país para combater o crime organizado.

Mantenha-se informado sobre os desdobramentos deste importante projeto de lei e outras iniciativas que moldam o futuro da segurança pública em nosso país.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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