Mãe de meninos que pularam de apartamento em SP diz que eles estavam sozinhos porque ela precisa trabalhar

Mãe das crianças que pularam da janela de um apartamento na zona Sul de Ribeirão Preto (SP) após a chegada do Conselho Tutelar na manhã desta quinta-feira (20), Geslaine Thomaz Castilho alegou à Polícia Civil que os filhos só estavam sozinhos no momento porque ela não tem com quem deixá-los enquanto trabalha.

Em depoimento, Geslaine afirmou que procurou o próprio Conselho Tutelar com o objetivo de conseguir matricular os meninos, de 6 e 9 anos, em uma escola integral, mas que não foi atendida até o momento.

Os meninos pularam do segundo andar do prédio onde moram no bairro Recreio das Acácias no momento em que conselheiros chegaram ao local para apurar uma denúncia de maus-tratos.

Segundo a conselheira Marlene Colombo, vizinhos informaram de forma anônima que as crianças eram vítimas de maus-tratos, violência doméstica e cárcere privado. Marlene afirma que o apartamento estava trancado com as crianças dentro dele. Ela também disse que foram encontrados indícios que confirmam a denúncia.

“Tudo o que nós chegamos para apurar foi constatado, e as crianças pularam do segundo andar do prédio. As crianças estavam em cárcere privado.”

As crianças vão ficar sob a guarda de uma tia provisoriamente. O menino mais velho já está com a mulher.

O mais novo ainda vai passar por uma cirurgia no pé, por conta da queda, e será entregue à tia assim que receber alta da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde está internado.

Condomínio no Recreio das Acácias em Ribeirão Preto, SP, de onde crianças pularam da janela de um dos apartamentos — Foto: Reprodução/EPTV

Queda de três metros

A conselheira afirma que não percebeu a intenção das crianças de pularem da janela enquanto falava com elas.

“Quando chegamos, batemos na porta, para que ela fosse atendida pela genitora, que não estava no momento. A identificação é muito tranquila para o órgão eu acredito que as crianças se assustaram porque temos a informação de que a própria mãe já as amedrontava dizendo que ia entregar elas para o conselho. Acho que foi aí de que alguma forma eles acharam que iam ser levados pelo Conselho”, diz Marlene.

Os irmãos caíram de uma altura de três metros e sofreram ferimentos leves. Eles foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados à UPA Leste.

Prédio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em Ribeirão Preto, SP — Foto: Cacá Trovó/EPTV

Investigação

De acordo com a delegada Patrícia de Mariane Buldo, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), as crianças serão submetidas a exame de corpo de delito. A conselheira afirma que elas têm marcas de violência pelo corpo.

“Segundo a conselheira tutelar, as crianças tinham algumas marcas que talvez confirmem a denúncia de maus-tratos. A conselheira observou que a casa tinha higiene precária e que havia pouca alimentação. Vai ser alvo de investigação para confirmar a denúncia de maus-tratos e eventual lesão corporal”, diz a delegada.

 

À polícia, a mãe disse que deixou as crianças com café da manhã preparado e que voltaria por volta das 11h para servir o almoço delas. Ainda durante o depoimento, Geslaine afirmou que conta com a ajuda de uma vizinha para encaminhar os meninos à escola e recebê-los de volta na ausência dela.

Geslaine é divorciada do marido, que mora em Santa Catarina. O Conselho Tutelar deve acioná-lo para acolher as crianças. Caso não seja possível, os irmãos serão encaminhados a um abrigo de forma provisória.

Após prestar esclarecimentos à Polícia Civil, a mãe foi liberada e deve ser investigada pelas suspeitas de maus-tratos e abandono de incapaz.

Fonte: G1

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