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Irmão de vítima questiona versão de juiz em caso de atropelamento fatal em araçatuba

O irmão da ciclista Thais Bonatti, que faleceu após ser atropelada por um juiz aposentado em Araçatuba (SP), no dia 24 de julho, contesta a versão apresentada pelo magistrado sobre não estar embriagado no momento do acidente. William Aparecido de Andrade, irmão da vítima, espera que o juiz seja julgado por dolo eventual, quando se assume o risco de causar o dano.

Thais Bonatti, de 30 anos, seguia para o trabalho quando foi atingida na rotatória da Avenida Waldemar Alves pelo veículo conduzido por Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos. O atropelamento foi registrado por câmeras de segurança e ocorreu após o juiz sair de uma boate acompanhado de uma mulher.

Tanto Fernando Augusto quanto a acompanhante foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio doloso qualificado, com a alegação de que o recurso utilizado dificultou a defesa da vítima.

Em entrevista, William contestou as declarações do magistrado, que afirmou ter consumido apenas duas cervejas e alguns shots de tequila antes de dirigir, alegando estar em condições para conduzir o veículo. O irmão da ciclista discorda, argumentando que um exame clínico constatou a embriaguez e que o próprio juiz confessou ter bebido em depoimento à polícia.

William também ressalta que a forma como o juiz dirigia indica embriaguez. Imagens de câmeras de segurança mostram que Fernando dirigiu na contramão em uma rua antes de atingir Thais. “Há muitas controvérsias nessa entrevista. Ele saiu da boate, teve testemunhas que conversaram com ele, ele se recusando a aceitar ajuda. Andou na contramão, em determinado momento parou a caminhonete para a pessoa sentar no colo dele. Ele não se lembra do que ele não quer se lembrar. Das coisas que estão beneficiando ele, ele está se lembrando”, afirma William.

O irmão da vítima menciona ainda que a investigação policial aponta que o juiz e a acompanhante tentaram manter relações sexuais dentro do carro em movimento, em plena luz do dia, antes do atropelamento. De acordo com o Ministério Público, Fernando dirigia com a mulher praticamente nua e sentada em seu colo, o que teria comprometido sua visão e capacidade de reação. “Ele fala que não viu, obviamente que ele não viu mesmo a minha irmã. Com uma pessoa dirigindo com uma pessoa no colo, não se tem visão nenhuma. Não faz sentido, ele realmente não viu mesmo, não existe ‘ponto cego’ ali”, acrescenta William.

Fernando nega que a mulher estivesse em seu colo e considera “ilógico” a afirmação de que estaria mantendo relações sexuais com ela. Ele alega não se lembrar do momento exato do atropelamento e afirma que Thaís surgiu em um “ponto à esquerda”, o que justificaria não tê-la visto.

O Ministério Público entende que o conjunto de provas revela que o juiz assumiu o risco de causar a morte da vítima. No caso da acompanhante, o promotor considera que ela contribuiu para o resultado ao aceitar se sentar no colo do motorista, potencializando a distração e a perda de controle do veículo. William expressa alívio e esperança com a denúncia. Quatro meses após o atropelamento, a família busca justiça e responsabilização da dupla. “A gente quer que ele seja preso e julgado, que a justiça seja feita, a gente acredita que o juiz que irá receber a denúncia pelo Ministério Público julgue pelo dolo eventual. É isso que a gente quer”, conclui o irmão.

O juiz aposentado foi preso em flagrante e liberado após o pagamento de fiança de R$ 40 mil, com a imposição de medidas cautelares, incluindo a suspensão do direito de dirigir.

Fonte: g1.globo.com

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