A campanha “Agosto Lilás” é um movimento de conscientização que nasceu em 2016 no Mato Grosso do Sul, mas que hoje é adotado em todo o país. A escolha do mês não é por acaso: em 7 de agosto de 2006, foi sancionada a Lei nº 11.340, a histórica Lei Maria da Penha, que completa quase 20 anos como um marco na defesa dos direitos das mulheres no Brasil.
Segundo dados recentes da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil” (5ª edição, 2025) do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 21 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses. Esse número assustador equivale a 2.400 mulheres violentadas por hora no país.
A violência não escolhe classe social, mas suas consequências atingem as mulheres mais pobres de forma brutal e desproporcional. A falta de recursos financeiros, o acesso limitado à informação e a dependência econômica do agressor são barreiras que dificultam a saída de um ciclo de violência. Em áreas mais carentes, o medo e a ausência de uma rede de apoio efetiva podem ser um fardo ainda mais pesado.
O combate à violência de gênero não pode ser encarado como um problema apenas das mulheres. É uma responsabilidade de toda a sociedade. A violência contra a mulher não é um assunto privado; é um crime, uma ferida aberta que fragiliza toda a sociedade. É fundamental que os homens também levantem a voz, se engajem e apoiem a causa. A desconstrução de uma cultura machista e a construção de relações mais saudáveis e respeitosas dependem diretamente da participação e do apoio masculino.
Precisamos falar sobre isso nas mesas de jantar, nas rodas de amigos, nas escolas e nos ambientes de trabalho. Homem que bate em mulher não é macho, é covarde. O respeito não se negocia. É uma lição que deve ser ensinada a cada menino desde a infância.
Apesar dos números alarmantes, o Agosto Lilás nos convida a manter a esperança. A cada denúncia, a cada rede de apoio que se forma, a cada mulher que se liberta do medo, estamos construindo um futuro mais justo. A Lei Maria da Penha é um farol que ilumina o caminho, e a crescente conscientização da sociedade mostra que estamos, mesmo que lentamente, caminhando para um cenário de mudança. É no trabalho de base, na educação das novas gerações e na união de todos que reside a esperança de um Brasil onde cada mulher possa viver sem medo, em plenitude e com a liberdade que merece.