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Técnico de enfermagem lamenta demissão após golpe do falso médico em Santos

ANUNCIO COTIA/LATERAL

O golpe do falso médico resultou na demissão de Sidnei Alves Monteiro, um técnico de enfermagem de 47 anos, que agora enfrenta o desemprego em um período de festas. Lotado no Hospital Beneficência Portuguesa de Santos, no litoral paulista, Sidnei foi desligado da instituição após ceder informações de pacientes a um criminoso que se passava por médico. O incidente, que ocorreu em 12 de dezembro, culminou na demissão por justa causa, deixando o profissional em uma situação de vulnerabilidade e angústia. Sidnei alega ter agido de boa-fé, mas a instituição sustenta que ele descumpriu normas cruciais de segurança da informação e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A história de Sidnei reacende o debate sobre a segurança cibernética em ambientes hospitalares e a vulnerabilidade dos profissionais de saúde diante de fraudes sofisticadas.

O drama pessoal e profissional do técnico de enfermagem

Sidnei Alves Monteiro, com 18 anos de carreira na área da saúde, expressou profundo lamento e sentimento de humilhação ao se ver desempregado próximo às festividades de fim de ano. A demissão, segundo ele, foi “cruel” e trouxe uma dura realidade para sua família, especialmente para sua filha de sete anos, que questionou sobre a possibilidade de receber um presente de Natal diante da falta de recursos. “Me sinto triste e humilhado”, declarou Sidnei. “Entendo que a empresa não é obrigada a ficar com os meus serviços, mas ter sido demitido perto do Natal e de maneira injusta, foi cruel”, completou, evidenciando a dor de quem perde o sustento em um momento tão sensível.

Um Natal sem emprego e a busca por justiça

Além do impacto imediato da perda do emprego, Sidnei manifesta preocupação com o futuro. Ele teme que suas características pessoais – ser negro e Pessoa Com Deficiência (PCD) devido à visão monocular – possam dificultar sua reinserção no mercado de trabalho. Apesar das adversidades, o técnico de enfermagem mantém a esperança de reverter a demissão por justa causa na Justiça. “Não houve prejuízo financeiro a ninguém, somente a mim e à minha família”, enfatizou, argumentando que sua ação não causou danos financeiros diretos a pacientes ou à instituição. Sidnei, ciente da realidade de muitos pais de família desempregados, reitera sua fé em conseguir uma nova oportunidade profissional, buscando restaurar sua dignidade e provar sua inocência perante a lei. Sua luta agora é para limpar seu nome e garantir que sua longa trajetória profissional não seja manchada por um engano.

O modus operandi do golpe e as implicações institucionais

O incidente que levou à demissão de Sidnei teve início com um contato telefônico. Um golpista, apresentando-se com o nome de um médico real do centro cirúrgico do hospital, ligou para o ramal interno dos funcionários. O criminoso demonstrou ter informações precisas, incluindo os nomes completos de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que conferiu credibilidade à sua abordagem inicial. A solicitação do falso médico era por numerações de prontuários de pacientes, um pedido que Sidnei, embora não estivesse habituado a serviços administrativos, tentou atender ao não encontrar uma secretária disponível para auxiliá-lo.

A sequência dos fatos e a denúncia da paciente

Por volta das 9h do dia 12 de dezembro, o golpista insistiu no pedido de informações. Sidnei, já impaciente, foi persuadido a usar seu celular pessoal para fotografar as capas dos prontuários e enviá-las ao suposto médico. Ele garante ter enviado apenas as capas, sem dados de contato dos pacientes. Contudo, essa ação foi suficiente para que o golpista tentasse aplicar um golpe em uma das pacientes cujos dados foram acessados. A paciente, percebendo a fraude, agiu rapidamente e denunciou o ocorrido ao hospital. Horas depois, Sidnei foi convocado pela gerência de enfermagem. Ele relata ter contado os fatos de boa-fé, acreditando que ajudaria na investigação, mas, para sua surpresa, foi demitido por justa causa. “Minha carreira de 18 anos foi manchada por eu levar o golpe, eu sou o culpado pelo golpe?”, questionou o profissional, sentindo-se injustiçado.

A posição do hospital e a Lei Geral de Proteção de Dados

Em resposta ao incidente, o Hospital Beneficência Portuguesa de Santos emitiu um comunicado detalhado, esclarecendo os motivos do desligamento de Sidnei Alves Monteiro. A instituição afirmou que o técnico de enfermagem descumpriu normas internas cruciais, com especial ênfase na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e nas diretrizes de segurança da informação e do paciente. O hospital apontou que Sidnei expôs dados pessoais de pacientes, fotografou a tela de um computador da instituição com a ficha de um enfermo e, após o contato inicial pelo ramal, passou a utilizar seu próprio aparelho celular para se comunicar com o golpista. Além disso, foi constatado que ele forneceu informações sobre um paciente de um setor diferente do qual atuava, extrapolando suas atribuições funcionais.

A Beneficência Portuguesa ressaltou que todos os colaboradores são cientes de que informações sobre pacientes só podem ser fornecidas com autorização formal e pelo médico responsável. A instituição garantiu que foram realizados todos os procedimentos legais para apuração dos fatos, respeitando o direito do ex-funcionário de prestar esclarecimentos sem acusações, apenas para elucidação da denúncia. A Polícia Civil registrou o caso como estelionato no 2º Distrito Policial de Santos, e o Setor de Investigações Gerais (SIG) trabalha para identificar quem poderia ter se beneficiado com as informações. Até o momento, nenhuma das supostas vítimas registrou boletim de ocorrência sobre a tentativa de golpe, e não houve prejuízo financeiro aparente.

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Desdobramentos e lições aprendidas

O caso de Sidnei Alves Monteiro é um lembrete contundente dos desafios que hospitais e seus funcionários enfrentam na era digital. Embora o técnico de enfermagem se sinta injustiçado e acredite ter agido de boa-fé, a rigidez das normas de segurança da informação e da LGPD impõe responsabilidades claras aos profissionais. A demissão por justa causa, mesmo na ausência de prejuízo financeiro direto às vítimas ou ao hospital, reflete a gravidade da violação de privacidade e segurança de dados em um ambiente tão sensível como o da saúde.

A situação destaca a necessidade premente de treinamentos contínuos e eficazes para toda a equipe hospitalar sobre os riscos de golpes, a importância da proteção de dados e o cumprimento rigoroso dos protocolos internos. Profissionais da saúde, muitas vezes focados em salvar vidas, podem se tornar alvos fáceis de criminosos que exploram a confiança e a rotina acelerada do ambiente hospitalar. A investigação policial em andamento buscará identificar os responsáveis pelo golpe, enquanto o caso de Sidnei deverá seguir para a esfera judicial, onde ele tentará reverter sua demissão e limpar seu nome. Mais do que um episódio isolado, este incidente serve como um alerta para a constante vigilância e investimento em cibersegurança e educação para proteger pacientes e instituições.

Perguntas frequentes (FAQ)

O que é o golpe do falso médico?
O golpe do falso médico é uma fraude em que criminosos se passam por profissionais de saúde (geralmente médicos) para obter informações confidenciais de pacientes, dados hospitalares ou até mesmo dinheiro, explorando a confiança e a urgência do ambiente médico. Eles costumam ter informações prévias que dão credibilidade à farsa.

Quais são as consequências de vazar dados de pacientes?
O vazamento de dados de pacientes, mesmo que acidental, pode acarretar sérias consequências legais e éticas. Sob a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, as instituições e os profissionais podem ser responsabilizados por danos morais e materiais, além de estarem sujeitos a multas elevadas. Além disso, afeta a reputação da instituição e a confiança dos pacientes, podendo levar à demissão por justa causa do profissional envolvido.

Como os hospitais podem prevenir golpes como este?
Para prevenir golpes, hospitais devem investir em treinamentos regulares para todos os funcionários sobre segurança da informação, LGPD e reconhecimento de tentativas de fraude. É essencial ter protocolos claros para o manuseio de dados confidenciais, restrições no uso de dispositivos pessoais para fins profissionais, e sistemas robustos de segurança cibernética. A conscientização e a comunicação interna eficaz sobre as ameaças são fundamentais.

Mantenha-se informado sobre a segurança de dados e proteja suas informações. Em caso de suspeita de fraude, denuncie imediatamente às autoridades e à instituição envolvida.

Fonte: https://g1.globo.com

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