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© Antônio Cruz/ Agência Brasil/Arquivo

PGR arquiva pedido para investigar Moraes e esposa por falta de provas

ANUNCIO COTIA/LATERAL

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu arquivar um pedido de investigação que visava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e sua esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes. A decisão, publicada no último sábado, 27 de abril, foi motivada pela ausência de lastro probatório mínimo que pudesse sustentar as acusações formuladas. A iniciativa de arquivar a investigação da conduta de Moraes e sua cônjuge no caso envolvendo o Banco Master sublinha a necessidade de elementos concretos para a abertura de apurações formais. Este desdobramento encerra uma fase de questionamentos levantados por representações que se baseavam em informações veiculadas pela mídia, focando na alegada prática de tráfico de influência e advocacia administrativa.

As alegações e o pedido de investigação

A representação que deu origem ao pedido de investigação foi protocolada pelo advogado Enio Martins Murad. Em sua argumentação, Murad apontava que o ministro Alexandre de Moraes teria mantido comunicação com o então presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em prol de interesses privados relacionados ao Banco Master. Esta alegação fundamentava-se em reportagens jornalísticas que sugeriam uma intervenção do ministro em favor da instituição financeira.

Detalhes da representação e as acusações

O cerne das acusações formuladas na representação estava na suposta prática de crimes como tráfico de influência e advocacia administrativa. O tráfico de influência refere-se ao ato de usar a posição para influenciar decisões em benefício próprio ou de terceiros. A advocacia administrativa, por sua vez, caracteriza-se pela defesa de interesses privados perante a administração pública, utilizando-se de cargo ou função pública para tal fim. Além disso, Murad indicava uma possível violação dos princípios que regem a administração pública, essenciais para a probidade e impessoalidade na gestão dos assuntos de Estado. A base para essas acusações eram, conforme o advogado, as divulgações da mídia sobre as interações de Moraes com Galípolo e a situação do Banco Master.

O papel da esposa do ministro no caso

Um ponto crucial levantado na representação era o envolvimento da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro. Foi apontado que o escritório de advocacia de Viviane mantinha um contrato de serviços advocatícios com o Banco Master, prestando defesa aos interesses da instituição financeira. A representação sugeria que esta relação profissional poderia configurar um conflito de interesses ou, no mínimo, levantar questões sobre a imparcialidade das ações do ministro, dado o vínculo de sua esposa com o banco. A existência do contrato de serviços foi um dos pilares para as acusações de condutas irregulares.

A decisão da PGR e a ausência de lastro probatório

Ao analisar o pedido de investigação, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, determinou o arquivamento do caso. A fundamentação para essa decisão foi a “absoluta ausência de lastro probatório mínimo que sustente a acusação formulada”, destacando a falta de evidências concretas que corroborassem as alegações. Gonet enfatizou que as informações veiculadas na imprensa, embora importantes, não se traduziam em elementos jurídicos suficientes para embasar uma investigação formal.

A falta de lastro probatório e o sigilo da fonte

Em seu despacho, Gonet argumentou que os veículos de imprensa não apresentaram “elementos concretos ou indícios materiais que corroborem a tese de intimidação, permanecendo a narrativa no campo das suposições”. Ele explicou que a natureza da narrativa jornalística impõe limitações à persecução estatal, citando o sigilo da fonte como uma garantia constitucional fundamental. Esse sigilo impede que a apuração avance sobre o detalhamento de relatos fornecidos por interlocutores anônimos, que, nesse caso, constituíam o único alicerce das notícias. Para o procurador-geral, a falta de identificação das fontes e a impossibilidade de aprofundar a investigação sobre elas inviabilizam a confirmação das alegações.

Análise do contrato de Viviane e a limitação das fontes

Em relação ao contrato de serviços advocatícios entre Viviane Barci de Moraes e o Banco Master, a PGR não vislumbrou, a princípio, qualquer ilicitude que justificasse uma intervenção. Gonet concluiu que os relatos apresentados eram “desprovidos de elementos informativos mínimos capazes de indicar a materialidade de ilícitos cíveis, penais ou administrativos”. O procurador-geral também ressaltou que a representação se fundamentava estritamente em matérias jornalísticas, que são consideradas “fontes secundárias destituídas de confirmação probatória autônoma”, e carecia de diligências prévias que lhes conferissem consistência jurídica para o prosseguimento da investigação.

Contexto das reuniões de Moraes e o Banco Master

As acusações contra o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa surgiram em meio a um cenário complexo envolvendo o Banco Master, que teve sua liquidação decretada pelo Banco Central por suspeitas de fraude. O caso gerou diversas repercussões e investigações, colocando em evidência as interações de Moraes com figuras-chave no setor financeiro.

A manifestação de Moraes sobre as reuniões

Dias antes da decisão da PGR, o ministro Alexandre de Moraes se manifestou publicamente sobre as reuniões que teve com Gabriel Galípolo. O ministro afirmou, na última terça-feira, 23 de abril, que esses encontros foram realizados com o propósito exclusivo de discutir a Lei Magnitsky, uma legislação aplicada pelo governo dos Estados Unidos contra o próprio magistrado. A manifestação de Moraes foi divulgada um dia após um jornal veicular uma reportagem afirmando que ele teria defendido a aprovação da compra do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB), uma instituição financeira pública ligada ao Governo do Distrito Federal, durante reuniões com Galípolo.

A reportagem de O Globo e a liquidação do banco

A reportagem que impulsionou as discussões alegava que as reuniões de Moraes com Galípolo teriam ocorrido antes da decisão do Banco Central. No mês anterior, o BC decretou a liquidação do Banco Master, citando suspeitas de fraude. Esta investigação também resultou na prisão preventiva do banqueiro Daniel Vorcaro, um dos sócios do banco, que posteriormente foi beneficiado por um habeas corpus concedido pela Justiça Federal, respondendo às acusações em liberdade. O contexto da liquidação do Banco Master e as investigações subsequentes adicionaram camadas de complexidade às alegações contra Moraes e sua família. As matérias jornalísticas buscavam conectar a atuação do ministro aos interesses do banco em um período crítico para a instituição.

Os serviços advocatícios antes da liquidação

Conforme já mencionado, antes da determinação de liquidação do Banco Master pelo Banco Central, o escritório de advocacia Barci de Moraes havia prestado serviços à instituição financeira. Este fato foi um dos elementos que motivaram a representação e as alerias de conflito de interesses. No entanto, a PGR concluiu que a existência do contrato, por si só, não configura ilicitude sem a presença de provas concretas de tráfico de influência ou advocacia administrativa por parte do ministro. A análise do procurador-geral focou na falta de materialidade das alegações para justificar uma investigação formal, independentemente da relação profissional da esposa do ministro com o banco.

Análise final do processo e suas implicações

O arquivamento do pedido para investigar o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa pela Procuradoria-Geral da República reforça a prerrogativa do Ministério Público de só instaurar procedimentos investigativos diante de elementos mínimos que configurem a materialidade de um ilícito. A decisão de Paulo Gonet sublinha a importância da distinção entre narrativas jornalísticas e provas concretas, destacando que, embora a imprensa desempenhe um papel crucial na fiscalização, suas informações, quando baseadas em fontes não verificáveis para fins legais, podem não ser suficientes para sustentar uma investigação criminal ou administrativa. Este caso ilustra o rigor necessário na apuração de denúncias que envolvem altas autoridades, exigindo mais do que meras suposições para o prosseguimento de ações penais ou cíveis. A falta de “lastro probatório mínimo” foi o fator determinante para encerrar essa fase de questionamentos, validando a atuação profissional da esposa do ministro na ausência de evidências de conduta ilícita por parte do casal.

FAQ

1. Por que a PGR decidiu arquivar o pedido de investigação contra o ministro Alexandre de Moraes?
A Procuradoria-Geral da República decidiu arquivar o pedido por “absoluta ausência de lastro probatório mínimo” que sustentasse as acusações. O procurador-geral, Paulo Gonet, afirmou que os relatos jornalísticos não apresentavam elementos concretos ou indícios materiais, permanecendo no campo das suposições.

2. Quais eram as principais acusações contra o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa?
As acusações incluíam a suposta prática de tráfico de influência e advocacia administrativa por parte do ministro, além de violação dos princípios da administração pública. Em relação à esposa, Viviane Barci de Moraes, questionava-se o contrato de serviços advocatícios de seu escritório com o Banco Master.

3. Qual foi a justificativa de Alexandre de Moraes para as reuniões com Gabriel Galípolo?
O ministro Alexandre de Moraes afirmou que as reuniões com Gabriel Galípolo foram realizadas exclusivamente para tratar da Lei Magnitsky, aplicada pelo governo dos Estados Unidos contra ele, e não para defender interesses privados do Banco Master, como alegado em reportagens.

4. A relação do escritório da esposa de Moraes com o Banco Master foi considerada ilegal?
Não. A PGR não vislumbrou, a priori, qualquer ilicitude no contrato de serviços advocatícios entre o escritório de Viviane Barci de Moraes e o Banco Master. A decisão da PGR baseou-se na falta de provas que indicassem qualquer materialidade de ilícitos cíveis, penais ou administrativos decorrentes dessa relação profissional.

Para mais informações sobre o funcionamento do sistema judiciário e as decisões da PGR, acompanhe nossas próximas reportagens.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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