© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pf identifica suspeitos de ataque fatal a indígenas em mato grosso do sul

A Polícia Federal identificou dois suspeitos de envolvimento em um ataque armado contra um grupo de indígenas Guarani Kaiowá, ocorrido em Iguatemi, Mato Grosso do Sul. O incidente, que deixou um indígena morto, ocorreu a aproximadamente 394 quilômetros da capital do estado, Campo Grande.

Um dos suspeitos foi reconhecido por um dos quatro indígenas que ficaram feridos no ataque, seja por armas de fogo ou balas de borracha. A Polícia Federal efetuou a prisão em flagrante do indivíduo.

O suspeito detido é de nacionalidade paraguaia e se identifica como indígena. Ele é casado com uma indígena brasileira e já residiu na área de ocupação conhecida como Pyelito Kue, que foi o alvo do ataque na madrugada do último domingo.

As identidades dos suspeitos não foram divulgadas pela Polícia Federal, assim como não foi confirmado se o segundo suspeito também foi detido. No entanto, a polícia informou que a identificação dos suspeitos foi possível após equipes da PF e do Instituto de Criminalística apreenderem duas espingardas calibre 12, que seriam utilizadas por seguranças privados de uma fazenda, e coletarem cápsulas e material biológico no local do ataque. As armas apreendidas serão submetidas a perícia.

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o ataque a Pyelito Kue, na Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I, foi perpetrado por ao menos 20 homens fortemente armados. O Cimi, órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), relatou que o ataque ocorreu por volta das 4h da manhã, surpreendendo os indígenas que dormiam, incluindo crianças e mulheres.

Vicente Fernandes Vilhalva, de 36 anos, foi atingido na cabeça e faleceu no local devido à gravidade do ferimento. Testemunhas relataram que os atiradores tentaram levar o corpo de Vilhalva, mas foram impedidos por outros indígenas. Além da vítima fatal, outros quatro Guarani Kaiowá ficaram feridos, incluindo dois adolescentes e uma mulher.

As autoridades também investigam se a morte de um vigilante, funcionário de uma empresa de segurança privada que atua na região, tem alguma ligação com o ataque a Pyelito Kue.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) exigiu uma investigação rigorosa do caso e uma ação conjunta para combater os grupos de pistoleiros que atuam na região, reforçando a proteção dos indígenas e de seus territórios. A Funai destacou que o ataque ocorre em um contexto de retomada de áreas reivindicadas como territórios tradicionais indígenas e que as retomadas dos indígenas Guarani Kaiowá na região se intensificaram nos últimos meses com o objetivo de frear a pulverização de agrotóxicos, que causa adoecimento e gera insegurança hídrica e alimentar.

A área de Pyelito Kue integra a Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I, sobreposta à Fazenda Cachoeira, e foi retomada pelos indígenas em 3 de novembro. A comunidade afirma que espera há cerca de 40 anos pela conclusão do processo demarcatório.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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