O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu voto nesta sexta-feira (12) para que três indivíduos sejam formalmente processados como réus por um fracassado atentado a bomba ocorrido próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, em 24 de dezembro de 2022. George Washington de Oliveira Souza, Alan Diego dos Santos Rodrigues e Wellington Macedo de Souza são os acusados nesta denúncia crucial da Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão de Moraes inicia uma fase importante do processo judicial contra o trio, que já possui condenações em outras instâncias por crimes relacionados ao mesmo episódio. Este voto ressalta a seriedade com que o Judiciário brasileiro tem tratado os atos que visaram desestabilizar a ordem democrática no país, especialmente no período pós-eleitoral. A análise da Primeira Turma do STF continua em sessão virtual, aguardando os votos dos demais ministros.
A denúncia e as graves acusações contra o trio
Esforços para desestabilizar a democracia
A Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou uma denúncia robusta contra George Washington de Oliveira Souza, Alan Diego dos Santos Rodrigues e Wellington Macedo de Souza, atribuindo-lhes crimes de alta gravidade. Entre as acusações destacam-se associação criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado e atentado contra a segurança de transporte aéreo. Cada uma dessas imputações carrega um peso jurídico e simbólico considerável, sinalizando uma ação que extrapolou a esfera da criminalidade comum para atingir as estruturas fundamentais do Estado brasileiro.
A acusação de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado é particularmente grave. Ela se fundamenta na percepção de que o atentado a bomba não foi um ato isolado de vandalismo, mas parte de um planejamento coordenado para minar a transição de poder e a legitimidade das instituições democráticas. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou essa visão, afirmando que o incidente se inseriu em um “plano maior para dar um golpe de Estado”. Gonet contextualizou o episódio com eventos subsequentes, como os atos de 8 de janeiro, pelos quais centenas de pessoas já foram condenadas, e mencionou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado culpado por liderar o complô de desestabilização. É fundamental destacar que, embora o contexto seja o mesmo, a denúncia atual se foca especificamente no atentado de dezembro de 2022 e no papel dos três indivíduos nele.
Além das acusações federais, o trio já havia sido condenado pela Justiça do Distrito Federal por outros crimes decorrentes do mesmo episódio. As sentenças anteriores incluíam explosão, incêndio criminoso, posse de arma de fogo sem autorização e confecção de artefato explosivo. A atual denúncia, ao ser acolhida pelo STF, eleva a esfera de julgamento para o âmbito federal, permitindo que os acusados respondam pelas implicações mais amplas e severas de seus atos contra o sistema democrático.
O contexto e a cronologia do planejamento
Do acampamento bolsonarista ao artefato explosivo
O plano para o atentado a bomba, que chocou o país às vésperas do Natal de 2022, emergiu de um cenário de intensa polarização política e mobilização. Segundo as investigações policiais, George Washington de Oliveira Souza, um empresário que se deslocou do Pará para Brasília, juntou-se às manifestações de apoio ao então presidente Jair Bolsonaro. Esses acampamentos, montados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, tornaram-se focos de discursos e ações que contestavam o resultado das eleições presidenciais e clamavam por uma intervenção militar.
Foi nesse ambiente que George Washington conheceu Alan Diego dos Santos Rodrigues e Wellington Macedo de Souza. O relatório da Polícia Civil do DF detalha que o trio, movido por uma intenção comum de causar grande comoção social, articulou o plano para o atentado. O objetivo final era claro: precipitar uma intervenção militar no país, uma demanda recorrente entre os manifestantes nos acampamentos. Inicialmente, a ideia do grupo era explodir alguma instalação elétrica, visando causar um colapso que pudesse gerar instabilidade e pânico generalizado.
No entanto, em uma mudança de última hora, os conspiradores decidiram alterar o alvo. O explosivo foi instalado junto a um caminhão-tanque de querosene estacionado nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília. A escolha do local e do alvo é reveladora da dimensão catastrófica que buscavam. Um ataque bem-sucedido a um caminhão de combustível em um aeroporto poderia ter provocado uma explosão de grandes proporções, com potencial para causar mortes, destruição e um pânico sem precedentes, atingindo exatamente o objetivo de “grande comoção social” para forçar uma intervenção militar. Felizmente, o artefato falhou em sua detonação, sendo descoberto pelas autoridades. George Washington, apontado como o responsável pela fabricação da bomba, foi detido no mesmo dia do atentado.
A custódia preventiva e o andamento do julgamento
A garantia da ordem pública na decisão de Moraes
A manutenção dos três acusados em prisão preventiva é uma medida crucial determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, visando a proteção da ordem pública. A decisão de Moraes foi pautada na gravidade dos atos investigados e no potencial de reiteração criminosa ou de interferência nas investigações. Ao decretar a prisão, o ministro justificou que “os meios elegidos foram suficientes para caracterizar grave ameaça, por anunciar catástrofe coletiva com recado persuasivo. Firmada essas premissas, há necessidade de acautelar a ordem pública”. Essa avaliação sublinha a percepção judicial de que a liberdade dos acusados representaria um risco iminente à sociedade e à estabilidade democrática. A “grave ameaça” não se limitava apenas ao potencial destrutivo da bomba, mas também à intenção subjacente de desestabilizar o país através do medo e da desordem.
O julgamento sobre o recebimento da nova denúncia por parte do STF ocorre em sessão virtual da Primeira Turma. Este formato permite que os ministros analisem o caso e depositem seus votos eletronicamente. Além de Alexandre de Moraes, que já proferiu seu voto, os demais ministros do colegiado – Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin – têm até 19 de dezembro para manifestar suas posições. O voto favorável de Moraes representa um passo significativo, mas a formação da maioria na turma é essencial para que a denúncia seja acatada e os três homens se tornem formalmente réus perante o Supremo Tribunal Federal, inaugurando uma nova etapa processual para essas acusações específicas. O desfecho desta votação é aguardado com expectativa, pois consolidará a resposta do Judiciário brasileiro a atos que atentam contra a segurança nacional e o regime democrático.
Conclusão
O voto do ministro Alexandre de Moraes, ao propôr que George Washington de Oliveira Souza, Alan Diego dos Santos Rodrigues e Wellington Macedo de Souza se tornem réus, marca um momento decisivo na apuração e julgamento do atentado a bomba ocorrido em dezembro de 2022. As graves acusações de associação criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado reforçam a seriedade com que o Judiciário encara ameaças à ordem democrática. Este processo, somado às condenações anteriores pela Justiça do DF, sublinha o compromisso das instituições em responsabilizar os indivíduos por atos que visam desestabilizar o país. A decisão da Primeira Turma do STF, com os votos dos ministros a serem finalizados, definirá o próximo capítulo desta importante batalha pela justiça e pela preservação da democracia brasileira.
Perguntas frequentes
Quem são os acusados no atentado a bomba em Brasília?
Os três homens denunciados são George Washington de Oliveira Souza, Alan Diego dos Santos Rodrigues e Wellington Macedo de Souza.
Quais são as acusações que o ministro Alexandre de Moraes votou para que os homens se tornem réus?
Eles foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de associação criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado e atentado contra a segurança de transporte aéreo.
Os acusados já tinham sido condenados antes?
Sim, o trio já havia sido condenado pela Justiça do Distrito Federal por outros crimes relacionados ao episódio da bomba no aeroporto, como explosão, incêndio criminoso, posse de arma de fogo sem autorização e confecção de artefato explosivo.
Qual o objetivo do atentado, segundo as investigações?
De acordo com as investigações policiais, os três pretendiam causar um episódio de grande comoção social com o intuito de precipitar uma intervenção militar no país.
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