A Conferência das Partes (COP30), sediada em Belém, enfrenta um impasse crucial nas negociações climáticas: o financiamento de medidas de adaptação. A complexidade da questão ameaça o consenso entre os negociadores internacionais, enquanto o aquecimento global exige ações urgentes.
Em reunião de Alto Nível, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizou a necessidade de reconhecer o impacto transformador da emergência climática sobre vidas, economias e ecossistemas globais. Mesmo que as emissões de gases de efeito estufa fossem interrompidas imediatamente, a ministra ressaltou que o mundo ainda enfrentaria as consequências por muitos anos.
“A adaptação precisa estar no centro da resposta global. Proteger pessoas e territórios depende de instrumentos concretos para medir o progresso, orientar políticas e reduzir vulnerabilidades. Por isso é fundamental que essa COP30 saia com os indicadores globais de adaptação finalmente aprovados”, declarou Silva.
A especialista em mudanças climáticas do WWF-Brasil, Flávia Martinelli, destaca a importância de avaliar a vulnerabilidade das sociedades aos eventos climáticos extremos nas negociações de adaptação. Segundo ela, tais negociações são extremamente relevantes para auxiliar os países a estabelecerem padrões de ação e implementação, permitindo o monitoramento a longo prazo do progresso em direção à adaptação e à proteção das populações.
A COP30, considerada a “COP da Adaptação”, busca dar concretude à Meta Global de Adaptação, que ainda é genérica no Acordo de Paris. A definição de indicadores é vista como essencial para orientar investimentos e projetos, incentivar países a aumentar sua capacidade de resposta às mudanças climáticas e direcionar os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs).
O processo de definição das metas envolveu inicialmente mais de 10 mil possíveis indicadores. Após intensas discussões, uma lista resumida de 100 indicadores foi divulgada em setembro, servindo como base para as discussões atuais.
Lucas Turmena, pesquisador associado do Instituto para o Meio Ambiente e Segurança Humana da Universidade das Nações Unidas, exemplificou alguns dos indicadores propostos, como a porcentagem de pessoas com acesso a água proveniente de sistemas resilientes ao clima e a proporção de reurbanização de comunidades urbanas liderada pela comunidade.
Apesar da importância dos indicadores, sua definição enfrenta desafios. A viabilidade de mensuração é um deles, já que nem todos os países possuem as mesmas condições de medição. O financiamento, incluindo recursos financeiros e tecnologia para medição, também é um obstáculo significativo.
Na atual fase de negociação, a discussão enfrenta resistência de países que desejam adiar o acordo final ou vinculá-lo a garantias financeiras para o cumprimento das metas. Países africanos, por exemplo, propõem adiar a negociação para a COP da Etiópia em 2027. Nações árabes pressionam para que a discussão seja diretamente ligada ao aumento do financiamento.
A presidência do Brasil busca um consenso para que os países alcancem uma resposta definitiva sobre a adaptação durante a COP30.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
Jornal Imprensa Regional O Jornal Imprensa Regional é uma publicação dedicada a fornecer notícias e informações relevantes para a nossa comunidade local. Com um compromisso firme com o jornalismo ético e de qualidade, cobrimos uma ampla gama de tópicos, incluindo: