© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Cop30: protestos indígenas marcam conferência em belém

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), sediada em Belém, foi palco de diversas manifestações populares, com destaque para os protestos organizados por indígenas. As ações ocorreram em paralelo às negociações da conferência e abordaram temas como demarcação de terras, direitos dos povos originários e críticas a projetos de infraestrutura com potencial impacto ambiental.

Na Zona Azul da COP30, indígenas realizaram um protesto cobrando a demarcação de terras, manifestando apoio aos guarani kaiowá e denunciando a mineração promovida por empresas canadenses em diversos países, incluindo o Brasil. O protesto ocorreu após a retomada das negociações, interrompidas por um incêndio que atingiu parte dos pavilhões dos países. Os manifestantes percorreram o corredor central da Zona Azul, entoando cânticos e exibindo cartazes que pediam a saída de empresas canadenses dos territórios indígenas e a revogação de um decreto que prevê a privatização de empreendimentos públicos federais no setor hidroviário nos rios Madeira, Tocantins e Tapajós.

As manifestações foram uma constante durante a COP30. A Plenária dos Povos, organizada pela rede Climate Action Network – International, que reúne mais de 1.300 organizações não governamentais de cerca de 130 países, promoveu diversas ações contra a mudança climática. Estima-se que a conferência tenha reunido cerca de 50 mil pessoas, incluindo representantes de comunidades tradicionais, agricultores, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

Em um dos protestos, indígenas munduruku chegaram a entrar na Zona Azul, sendo posteriormente retirados pela segurança. Eles reivindicavam o fim da privatização de empreendimentos no Rio Tapajós e criticavam a construção da Ferrogrão, ferrovia que ligará o Mato Grosso ao Pará, alegando impactos no modo de vida dos indígenas e pressão sobre suas terras. Lideranças munduruku foram recebidas pelo presidente da COP30 após a manifestação, e o governo federal anunciou uma consulta prévia aos povos sobre o projeto de hidrovia no Tapajós.

A Cúpula dos Povos, realizada em paralelo à COP30, reuniu cerca de 20 mil pessoas de 1,3 mil movimentos sociais e da sociedade civil para discutir e apresentar demandas. Uma barqueata com cerca de 5 mil pessoas navegou pela Baía do Guajará em defesa da justiça climática e social. Integrantes criticaram a ausência de maior participação popular na COP30 e defenderam a Palestina.

Outro ato, realizado no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), promoveu o “Funeral dos Combustíveis Fósseis”, denunciando os impactos climáticos causados pelo uso de combustíveis derivados do petróleo, gás natural e carvão mineral. A Marcha Mundial pelo Clima reuniu cerca de 70 mil pessoas, mostrando a diversidade cultural e social do povo amazônico. Povos indígenas de todos os países da América do Sul também integraram a marcha, pedindo o respeito aos seus direitos e a demarcação de seus territórios.

O Tribunal Autônomo e Permanente dos Povos contra o Ecogenocídio divulgou uma sentença que condena Estados e grandes empresas por violações sistemáticas contra povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e a natureza. A Declaração Final da Cúpula dos Povos classificou como “falsas soluções” as medidas apresentadas para o enfrentamento da emergência climática, apontando o modo de produção capitalista como causa principal da crise climática.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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