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Censo revela carências de infraestrutura em favelas de campinas

Apenas um em cada dez moradores de favelas e comunidades em Campinas, São Paulo, tem acesso a um ponto de ônibus na rua de sua casa. Os dados, provenientes do Censo 2022, expõem a falta de infraestrutura básica e acessibilidade nessas áreas urbanas. O levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou também a ausência de outros serviços essenciais no entorno dos domicílios.

O estudo apontou que 124,7 mil residentes em favelas não têm ponto de ônibus próximo, representando 89,4% do total. A falta de bueiros ou bocas de lobo afeta 86.961 moradores, ou 62,3% da população dessas áreas. Quase metade (47%) não tem acesso a ruas pavimentadas, totalizando 65.599 pessoas. A ausência de calçadas impacta 60.372 moradores (43,2%), enquanto a falta de arborização atinge 50.992 (36,5%). A iluminação pública precária é uma realidade para 21.266 residentes, correspondendo a 15,2% do total.

Campinas possui 118 favelas e comunidades urbanas, onde vivem 140,7 mil pessoas, o que corresponde a 12,3% da população total da cidade. Nestas áreas, o IBGE identificou 49,6 mil domicílios, com uma predominância de habitantes que se autodeclaram pretos e pardos (66,6%).

Um analista socioeconômico do IBGE destacou o contraste marcante entre a infraestrutura disponível dentro e fora das favelas. Ele enfatizou que, mesmo em bairros de baixa renda fora dessas áreas, a diferença na qualidade da infraestrutura é significativa.

Moradores como Ana Paula Veronezzi, líder comunitária do Jardim Rosália IV, relatam a luta diária pela falta de asfalto, calçadas, rede de esgoto e iluminação. A conquista de uma linha de ônibus é vista como uma vitória, mas ainda insuficiente diante das necessidades básicas. A ausência de infraestrutura gera insegurança, problemas de saúde e dificulta o acesso a serviços essenciais como coleta de lixo e entrega de correspondências.

No Jardim Novo Flamboyant, conhecido como Buraco do Sapo, a situação não é diferente. Apesar de alguns trechos com asfalto, muitas ruas permanecem sem pavimentação. A estreiteza das vias impede a passagem de ônibus, e a falta de calçadas e rede de esgoto é notória. A fiação elétrica irregular agrava o cenário, com ligações clandestinas generalizadas.

Uma pesquisadora do Observatório da PUC-Campinas enfatiza a importância do mapeamento dessas áreas irregulares para que a regularização fundiária seja providenciada. No entanto, ela ressalta que a regularização por si só não garante a efetivação de políticas públicas e a melhoria da qualidade de vida.

A CPFL informou que a regularização das ligações de energia no Jardim Novo Flamboyant depende de uma adequação urbanística por parte da prefeitura. A Prefeitura de Campinas, por sua vez, afirma que necessita de um plano de regularização fundiária para realizar obras de infraestrutura nesses núcleos residenciais e que está mapeando áreas para possível regularização. A administração municipal também destacou a regularização de núcleos habitacionais e ações de pavimentação em diversos bairros, incluindo o Buraco do Sapo. Sobre as ruas estreitas, a prefeitura informou que ruas próximas podem contar com linhas de ônibus. A prefeitura também destacou a implantação de microflorestas para melhorar o ar e combater o calor na cidade.

Fonte: g1.globo.com

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