O recente tornado que assolou cidades no Centro-Sul do Paraná, classificado como EF3 em uma escala de intensidade que vai até 5, levanta preocupações sobre a frequência e severidade desses fenômenos no Brasil. Um pesquisador com doutorado em geografia aponta que o país possui um histórico significativo de tornados, ocupando uma posição de destaque no cenário mundial, apenas atrás do chamado “corredor dos tornados” nos Estados Unidos.
Um estudo catalogou 205 tornados ocorridos no Brasil entre 1990 e 2011, incluindo um evento em Almirante Tamandaré (PR) em 1992, também classificado como EF3, que resultou em seis mortes. O evento mais recente, que devastou Rio Bonito do Iguaçu (PR), deixando seis vítimas fatais e destruindo cerca de 90% da cidade, pode figurar entre os 10 piores já registrados no país, juntamente com tornados como o de Itu (SP) em 1991, com 15 mortos, e o de Nova Laranjeiras (PR) em 1997, com quatro mortes.
A alta ocorrência de tornados no Brasil está relacionada às condições geográficas e climáticas da América do Sul. O Centro-Sul do continente, incluindo Brasil, Paraguai e norte da Argentina, apresenta uma área relativamente plana que favorece o encontro de massas de ar. Essas massas de ar são canalizadas pela Cordilheira dos Andes a oeste e pela Serra do Mar no litoral brasileiro, criando um corredor que facilita o escoamento rápido e intenso dessas massas, propiciando a formação de ciclones e tempestades severas.
Essas áreas de baixa pressão aumentam a turbulência atmosférica, intensificando os movimentos convectivos e tornando as regiões Sul e Sudeste mais suscetíveis a tornados. O histórico demonstra isso, com registros como o tornado entre Paulínia (SP) e Jaguariúna (SP) em 1995, e o que atingiu Indaiatuba (SP) em 2005, destruindo fábricas, prédios municipais e cerca de 400 casas com ventos de aproximadamente 250 km/h. No Rio Grande do Sul, a faixa litorânea e as imediações do lago Guaíba são as áreas mais suscetíveis, enquanto em Santa Catarina, as regiões litorâneas e o extremo sul do estado apresentam maior propensão.
A combinação do aquecimento do ar, a condensação da umidade e os ventos em altitude pode gerar tornados e outros fenômenos destrutivos, como microexplosões atmosféricas. Com base nos danos observados, o recente tornado no Paraná foi excepcionalmente forte. Uma proposta de Escala Brasileira de Ventos (Ebrav), com níveis de 0 a 7, classificaria o desastre do Paraná no nível 6, devido ao potencial de desabamento de casas de alvenaria, levantamento de automóveis, quebra de postes de cimento, derrubada de torres de alta tensão e quebra de vidros de janelas em edifícios altos.
Apesar da gravidade dos tornados no Brasil, a cultura de prevenção ainda é um desafio. A vulnerabilidade das áreas mais pobres e periféricas contribui para a fatalidade desses eventos. A comparação com países como os Estados Unidos, que possuem uma cultura de acompanhamento e confiança na meteorologia, revela a necessidade de investimentos em educação e infraestrutura, como uma rede de radares mais densa e dados acessíveis ao público.
Fonte: g1.globo.com
Jornal Imprensa Regional O Jornal Imprensa Regional é uma publicação dedicada a fornecer notícias e informações relevantes para a nossa comunidade local. Com um compromisso firme com o jornalismo ético e de qualidade, cobrimos uma ampla gama de tópicos, incluindo: