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Rio de Janeiro sanciona adesão ao Propag para refinanciar dívida estadual

ANUNCIO COTIA/LATERAL

O governo do Rio de Janeiro deu um passo crucial para sua saúde fiscal ao sancionar a lei que autoriza a adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). Publicada recentemente, a medida representa uma guinada estratégica, indicando que o Poder Executivo solicitará o encerramento do atual Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para integrar-se a este novo e promissor modelo de gestão de dívidas. O Propag, instituído pela Lei Complementar nº 212/2025 e regulamentado pelo Decreto nº 12.433, visa oferecer aos estados uma alternativa mais flexível para honrar seus compromissos financeiros. Diferente do regime anterior, que impunha restrições severas, este novo programa busca conciliar o pagamento de débitos com a capacidade de manter e até expandir serviços públicos essenciais em áreas como Saúde, Educação e Segurança, além de possibilitar novos investimentos. A mudança é esperada para aliviar a pressão sobre os cofres estaduais e garantir maior previsibilidade orçamentária.

O programa de pleno pagamento das dívidas (Propag): Uma nova abordagem fiscal

A sanção da lei que permite ao Rio de Janeiro aderir ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag) marca um momento decisivo para a gestão fiscal do estado e para o relacionamento federativo no Brasil. O Propag, concebido como uma resposta aos desafios enfrentados por diversas unidades da federação na rolagem de suas dívidas, foi formalmente estabelecido pela Lei Complementar nº 212, em 13 de janeiro de 2025, e detalhado pelo Decreto nº 12.433, de 14 de abril do mesmo ano. Seu objetivo primordial é proporcionar um caminho mais sustentável para que os estados consigam equacionar seus passivos financeiros, sem comprometer de forma irremediável a entrega de serviços essenciais à população e a realização de investimentos estratégicos para o desenvolvimento regional.

Transição do regime de recuperação fiscal

A adesão ao Propag implica, por parte do governo fluminense, a solicitação formal de encerramento do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), ao qual o estado estava submetido e que impunha um conjunto rigoroso de ajustes e restrições financeiras. O RRF, embora tenha sido uma ferramenta importante para evitar o colapso financeiro de estados endividados, frequentemente foi criticado por sua rigidez e pela dificuldade em conciliar o saneamento das contas com a capacidade de investimento e a manutenção de serviços públicos. A transição para o Propag sinaliza uma busca por um modelo que, embora ainda exija disciplina fiscal, ofereça maior flexibilidade e condições mais favoráveis para o pagamento da dívida, adaptando-se melhor às realidades econômicas e sociais de cada ente federativo. Essa mudança representa uma oportunidade para o Rio de Janeiro redefinir sua estratégia fiscal e retomar um caminho de crescimento e estabilidade.

Benefícios financeiros e flexibilidade

Um dos pilares do Propag é a revisão dos índices de correção da dívida. Sob o RRF, a dívida estadual era corrigida pelo IPCA acrescido de 4% ao ano, uma taxa considerada onerosa e que dificultava a redução efetiva do passivo. Com o Propag, as condições de atualização se tornam significativamente mais brandas, permitindo que a correção seja de IPCA + 0%, 1% ou 2%, dependendo das negociações e das condições fiscais pactuadas entre o estado e a União. Essa redução nos encargos pode representar uma economia substancial para os cofres estaduais, liberando recursos que antes seriam destinados apenas ao pagamento de juros e correções. Tal flexibilidade financeira é vital para que o Rio de Janeiro possa não apenas honrar seus compromissos, mas também planejar investimentos em infraestrutura e fortalecer áreas cruciais como saúde, educação e segurança pública, que há muito demandam maiores aportes.

Mecanismos de adesão e contrapartidas

A entrada no Propag não é isenta de exigências. Para aderir ao programa, os estados precisam se comprometer com o pagamento de uma parte dos débitos no momento da adesão e cumprir um conjunto de regras fiscais e financeiras adicionais. Para o Rio de Janeiro, um mecanismo crucial que viabilizou sua entrada foi a autorização para o uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para o abatimento inicial da dívida. Esse dispositivo, que ganhou força após a derrubada de parte dos vetos presidenciais à lei que instituiu o Propag, permitiu que o estado superasse uma das principais barreiras financeiras para a elegibilidade. As contrapartidas fiscais incluem a adoção de um novo sistema de limitação do crescimento das despesas, atrelado à variação do IPCA e a percentuais que podem chegar a 70% da variação da receita estadual. Este conjunto de regras visa garantir a responsabilidade fiscal e a sustentabilidade de longo prazo das contas públicas estaduais.

O impacto no cenário financeiro do Rio de Janeiro

A decisão de aderir ao Propag tem implicações profundas para o futuro financeiro do Rio de Janeiro. A mudança de regime de dívida não é apenas uma questão burocrática; ela redefine a capacidade do estado de gerenciar suas finanças, planejar o futuro e, em última instância, impacta diretamente a qualidade de vida de seus cidadãos. A nova estrutura de dívida e as regras fiscais associadas ao Propag buscam criar um ambiente de maior previsibilidade e controle, permitindo que o estado reequilibre suas contas e reorienta seus gastos de forma mais estratégica.

A dívida bilionária do estado

Atualmente, o Estado do Rio de Janeiro enfrenta uma dívida colossal, que soma R$ 225 bilhões. Deste montante, a maior parte, R$ 193 bilhões, é devida diretamente à União. Outros R$ 28 bilhões correspondem a contratos garantidos pela União, e R$ 4 bilhões referem-se a parcelamentos diversos. Este passivo oneroso tem sido um dos maiores entraves para o desenvolvimento pleno do estado, limitando sua capacidade de investimento e exigindo grande parte de seu orçamento para o serviço da dívida. A adesão ao Propag oferece a perspectiva de reestruturar esse débito, tornando-o mais administrável e, potencialmente, liberando recursos para outras áreas. A redução dos juros e a possibilidade de usar o FNDR para abatimento inicial são elementos-chave para aliviar essa pressão e abrir espaço para um novo ciclo de planejamento fiscal.

Perspectivas para investimentos e serviços públicos

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Com a esperada flexibilização das condições de pagamento e a possível liberação de parte dos recursos antes comprometidos com juros elevados, o Rio de Janeiro vislumbra um horizonte de oportunidades para retomar investimentos e fortalecer seus serviços públicos. Áreas cruciais como a saúde, que exige modernização de hospitais e expansão de atendimento; a educação, que demanda melhorias em infraestrutura e valorização de profissionais; e a segurança pública, que clama por mais efetivo e equipamentos, podem ser beneficiadas diretamente. A capacidade de realizar investimentos é fundamental para a recuperação econômica e social do estado, gerando empregos, atraindo novas empresas e melhorando a qualidade de vida da população fluminense. O Propag, ao permitir que o estado concilie o pagamento de suas dívidas com a manutenção e ampliação desses serviços, pode ser um catalisador para essa transformação.

Novas regras fiscais e controle de despesas

Embora o Propag ofereça mais flexibilidade, ele também impõe novas responsabilidades fiscais. A lei sancionada estabelece um sistema de limitação do crescimento das despesas, que será balizado pela variação do IPCA, acrescido de percentuais que podem chegar a 70%, conforme o desempenho da receita estadual. Este mecanismo visa assegurar que o controle de gastos seja uma prática contínua e não apenas uma exigência temporária. A ideia é criar um ambiente de previsibilidade orçamentária e evitar novos desequilíbrios fiscais. A efetividade dessas regras dependerá da rigorosa fiscalização e do compromisso do Poder Executivo estadual em aplicá-las, garantindo que a nova liberdade financeira não se traduza em irresponsabilidade fiscal, mas sim em um planejamento robusto para o futuro.

Conclusão

A sanção da lei que permite a adesão do Rio de Janeiro ao Propag representa um marco significativo na complexa jornada fiscal do estado. Esta transição do Regime de Recuperação Fiscal para um novo programa de refinanciamento de dívidas oferece uma oportunidade crucial para reequilibrar as finanças estaduais, aliviar a carga de uma dívida bilionária e, potencialmente, redirecionar recursos para áreas vitais como saúde, educação e segurança. Com condições de correção da dívida mais favoráveis e a possibilidade de usar o FNDR para abatimento inicial, o estado ganha fôlego para planejar um futuro mais sustentável. No entanto, o sucesso desta empreitada dependerá não apenas da nova estrutura do programa, mas principalmente da disciplina fiscal contínua e do compromisso do governo estadual em cumprir as novas regras de controle de despesas. A expectativa é que o Propag se traduza em maior previsibilidade orçamentária e uma melhoria tangível nos serviços prestados à população fluminense, pavimentando o caminho para um desenvolvimento socioeconômico mais robusto e equitativo.

Perguntas frequentes

O que é o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag)?
O Propag é um programa instituído por lei federal (Lei Complementar nº 212/2025) que oferece aos estados brasileiros uma nova modalidade para refinanciar e pagar suas dívidas com a União, com condições de correção mais flexíveis e o objetivo de conciliar o saneamento fiscal com a capacidade de manter e realizar investimentos em serviços públicos essenciais.

Como o Propag difere do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em relação à correção da dívida?
No RRF, a dívida dos estados era corrigida pelo IPCA acrescido de 4% ao ano. No Propag, as condições são mais brandas, permitindo que a atualização seja de IPCA + 0%, 1% ou 2% ao ano, conforme as condições específicas pactuadas entre o estado e a União. Essa redução nos encargos pode gerar significativa economia para os cofres estaduais.

Qual o valor da dívida atual do Estado do Rio de Janeiro e como o Propag pode ajudar?
A dívida do Rio de Janeiro soma atualmente R$ 225 bilhões. O Propag pode ajudar ao oferecer condições de correção mais favoráveis, reduzir o custo do serviço da dívida e permitir o uso de recursos como o do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR) para o abatimento de parte do débito no momento da adesão, aliviando a pressão sobre as finanças estaduais.

Quais são as principais contrapartidas exigidas dos estados que aderem ao Propag?
Os estados que aderem ao Propag devem quitar parte dos débitos no momento da adesão e cumprir regras fiscais e financeiras adicionais. Isso inclui, por exemplo, um sistema de limitação do crescimento das despesas, que será baseado na variação do IPCA, acrescido de percentuais que podem chegar a 70% conforme o desempenho da receita estadual, visando garantir a responsabilidade fiscal.

Para acompanhar de perto os desdobramentos desta importante mudança fiscal e entender como ela impactará o dia a dia do Rio de Janeiro, continue lendo nossos artigos e análises sobre economia e gestão pública.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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