© Paulo Pinto/Agência Brasil

Caravanas de são paulo partem para a marcha das mulheres negras em brasília

Após uma década, a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver retorna a Brasília nesta terça-feira (25). O evento busca reafirmar o movimento como uma resposta ao aprofundamento das desigualdades no país, com o objetivo de fortalecer a urgência de um Brasil comprometido com reparação histórica, justiça social e um futuro de dignidade e cuidado.

Para esta edição, são esperadas participantes de todos os estados brasileiros e de mais de 40 países. A expectativa é superar o número de participantes de 2015, quando mais de 100 mil pessoas marcaram presença. De São Paulo, ao menos 13 caravanas seguirão rumo à capital federal.

A delegação paulista contará com mais de 350 mulheres. A organização das caravanas teve início em agosto do ano passado, conforme relatado por uma integrante do Comitê Impulsor Nacional da Marcha, que participou da primeira edição em 2015.

A integrante do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, Iyáloriṣà Adriana t’Ọmọlú, destaca que a Marcha é um trabalho coletivo, fruto da união de diversos movimentos e instituições. Segundo ela, a iniciativa não surge do pensamento isolado de uma pessoa, mas sim de um conjunto de mulheres que pensam e organizam toda a estrutura de maneira global.

Adriana relata que, em 2015, atuou nos bastidores da Marcha, mas não pôde comparecer a Brasília devido a problemas de saúde. No entanto, ela afirma que a experiência adquirida na época contribui para a organização da edição atual. Para ela, a questão do matriarcado, a coletividade, o cuidado e a segurança são elementos muito fortes presentes no evento.

A complexidade da organização de um evento como a Marcha, com sua magnitude e objetivos ambiciosos, explica o intervalo de dez anos entre as edições. A principal dificuldade reside na necessidade de recursos para viabilizar a participação das mulheres, especialmente no que se refere ao transporte até Brasília. O comitê organizador busca garantir que todas as mulheres tenham a oportunidade de participar, reconhecendo a importância do evento para a sobrevivência e afirmação de sua existência.

Para assegurar condições dignas de participação, a organização se preocupa com a alimentação, o alojamento, a higiene e a segurança das participantes em Brasília.

Para viabilizar a participação de um grande número de mulheres, o comitê organizador contou com o apoio de emenda parlamentar destinada ao transporte das participantes. Das 350 mulheres que partirão de São Paulo, 70 viajarão de avião, enquanto as demais serão distribuídas em cinco ônibus, um deles cedido pelo Sindicato dos Especialistas em Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp). A prioridade para o transporte aéreo foi dada às mulheres mais velhas, com mobilidade reduzida, deficiência, que trabalham em regime CLT ou são mães de crianças pequenas.

Para a organizadora, a marcha simboliza a luta, simboliza as mulheres negras organizadas em luta pelo direito à existência com dignidade. É a luta por reparação e bem viver. Sabemos quem somos porque sabemos de onde viemos e para onde voltaremos.

O contexto político atual, marcado pelo avanço da extrema direita e do conservadorismo, justifica a importância da Marcha. Adriana ressalta que o evento busca o reconhecimento da cultura negra em sua ancestralidade, lutando por uma existência afrocentrada. A preocupação da organização se estende à continuidade da luta após a Marcha, garantindo a segurança e o fortalecimento do movimento nos territórios de origem das participantes.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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