Miryan de Oliveira Silva, vítima de um brutal ataque motivado por intolerância religiosa em Mogi Mirim, interior de São Paulo, compartilhou seu testemunho após receber alta hospitalar. A jovem umbandista relata ter sido alvo de ameaças constantes desde que se mudou para a cidade em junho de 2025, culminando na tentativa de homicídio que a deixou com sete perfurações e a perda parcial de um dedo.
As primeiras manifestações de ódio, segundo Miryan, foram cartas anônimas com mensagens ameaçadoras e escritas com o que aparentava ser sangue. “Se você pensa que veio para esse bairro para fazer macumba, você está enganada. Vamos te matar”, dizia uma das mensagens. Inicialmente, ela tentou ignorar as ameaças, mas a frequência das cartas aumentou, gerando grande preocupação.
A situação se intensificou com atos de vandalismo direcionados à sua residência. Pichações com mensagens ofensivas surgiram nas paredes, e a casa foi alvo de arremessos de fezes e pedras. Câmeras de segurança registraram os atos, permitindo que Miryan identificasse os responsáveis e registrasse boletins de ocorrência. Apesar das denúncias, os ataques persistiram.
O ápice da violência ocorreu em 13 de novembro, quando o casal de vizinhos invadiu a casa de Miryan com a intenção de matá-la. Ao ouvir barulhos nos fundos da propriedade, a jovem se deparou com os agressores armados com uma espécie de adaga e uma barra de ferro. Durante o ataque, Miryan foi golpeada diversas vezes e chegou a perder parte de um dedo ao tentar se defender de uma facada no peito.
“Eles vieram para cima de mim, me agrediram com barra de ferro, ela veio pela frente me esfaqueando, ele me segurando. Eu consegui descer a balaclava dele, eu vi que era ele. Foi quando ela se desesperou, falou para me segurar, me xingou, e falou que iria me matar”, relata a vítima.
Marcelo Aparecido Ramalho, de 54 anos, confessou à Polícia Civil que ele e sua esposa, Leide Cristiane da Silva Borges, de 39 anos, esfaquearam a vizinha. Leide Cristiane admitiu ter pichado o muro da casa de Miryan. O casal foi preso em flagrante.
A família de Miryan, também praticante da umbanda, afirma que a jovem era constantemente perseguida por sua fé. Segundo relatos, os agressores chegaram a distribuir papéis em outras casas do bairro, alertando sobre a presença de uma “macumbeira” na rua.
A família clama por justiça e ressalta que a intolerância religiosa não deve ser tolerada. “A única coisa que eu quero é a justiça, porque não é a escolha da nossa religião que define o nosso caráter”, desabafa Miryan.
Fonte: g1.globo.com
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