© Valter Campanato/Agência Brasil

Palmares alerta: avanços na igualdade racial coexistem com racismo sistêmico

Em meio às celebrações do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, data que homenageia Zumbi dos Palmares, o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Santos Rodrigues, destaca progressos “extraordinários” na igualdade racial no Brasil nas últimas seis décadas.

Rodrigues enfatiza que as lutas do movimento negro, lideradas por figuras como Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez, resultaram em avanços significativos na construção de uma sociedade mais democrática. Ele cita a implementação de cotas raciais, a criação do Ministério da Igualdade Racial e a proteção de territórios quilombolas demarcados como conquistas importantes.

Apesar desses avanços, Rodrigues adverte que o cenário atual ainda não é o ideal. Ele descreve o racismo no Brasil como um “racismo sistêmico, um crime continuado, sofisticado e permanente”. Ele argumenta que esse sistema encontra constantemente maneiras de impedir que a população negra usufrua plenamente das ações afirmativas, citando a violência letal contra jovens negros como um exemplo trágico.

Rodrigues também ressalta o papel crucial da Fundação Cultural Palmares na proteção e valorização da Serra da Barriga, local do Quilombo dos Palmares, um símbolo da resistência e cultura afro-brasileira. Ele lamenta que, entre 2018 e 2022, a Fundação não tenha realizado atividades comemorativas do Dia da Consciência Negra na Serra da Barriga. A transformação da data em feriado nacional, segundo ele, oferece uma oportunidade valiosa para promover a justiça e a igualdade de oportunidades.

O presidente da Fundação Palmares enfatiza que a população negra não está pedindo favores, mas sim exigindo o que lhe é devido, considerando sua contribuição fundamental para a construção da nação brasileira. Ele reconhece que as reparações históricas estão em andamento, embora não na velocidade desejada por seus antepassados. Ele menciona melhorias na preservação e acessibilidade do quilombo histórico da Serra da Barriga, visando tanto visitantes brasileiros quanto estrangeiros.

Larissa Santiago, secretária-executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), concorda que houve avanços na igualdade racial no Brasil. Ela observa que o tema tem sido discutido com mais clareza e alcance, e que a população compreende melhor o significado de igualdade racial, racismo e seus enfrentamentos.

Santiago atribui esse progresso, em grande parte, ao avanço das políticas de educação, como a consolidação e expansão das leis de cotas nas universidades e no serviço público. No entanto, ela reconhece que o Brasil ainda enfrenta muitos desafios nesse campo, incluindo garantir o acesso à saúde e segurança pública para toda a população, especialmente nas áreas mais vulneráveis. Ela defende uma abordagem transversal da política de igualdade racial, abordando desafios em diversas áreas das políticas públicas.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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