A Pedreira do Bongue, em Piracicaba, interior de São Paulo, transcende sua reputação de ponto turístico com paisagens exuberantes e registros de deslizamentos de rochas. Pesquisadores a identificam como um valioso sítio paleontológico, embora ainda não esteja sob a proteção de órgãos de preservação.
O professor Alessandro Batezelli, do Instituto de Geociências da Unicamp, destaca a importância do local, onde podem ser encontrados fósseis de peixes e conchas, evidências de um passado remoto em que a região de Piracicaba era coberta pelo mar. Segundo o pesquisador, o Brasil ainda está em processo de reconhecimento e tombamento de áreas com essa relevância paleontológica.
Um afloramento, como a Pedreira do Bongue, representa uma janela para o passado geológico da Terra, expondo rochas e leitos rochosos que revelam histórias de eras passadas. No entanto, o sítio não possui a proteção de entidades como o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (Codepac), o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) ou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A formação geológica da Pedreira do Bongue, parte da unidade Corumbataí, é composta por argilito (argila vermelha/roxa) e arenito (areia), materiais distintos visíveis a olho nu. As rochas sedimentares que a formam foram geradas há aproximadamente 260 milhões de anos, em um período em que um mar cobria a região.
De acordo com Batezelli, a deposição de argilas, representativas de áreas mais profundas do mar, e areias, de regiões costeiras, formaram camadas que, com o tempo e a pressão, se transformaram em rochas. Um estudo do Atlas Ambiental da Bacia do Corumbataí, conduzido por pesquisadores da Unesp de Rio Claro, também aponta para a presença de rochas sedimentares e fósseis que indicam a existência de ambientes marinhos costeiros e pantanosos na região.
Apesar de sua importância científica, a área superior da pedreira é ocupada por construções. Moradores da região, como um casal que reside no local há mais de 40 anos, relatam que adquiriram seus terrenos em loteamentos. A presença de residências e até mesmo espaços para eventos com vista panorâmica para o Rio Piracicaba demonstra a necessidade de um planejamento que equilibre o desenvolvimento urbano com a preservação do patrimônio geológico.
O professor Batezelli sugere que o ideal seria transformar a Pedreira do Bongue em um parque geológico, espaço dedicado à preservação e divulgação do patrimônio natural e histórico-cultural. Ele cita como exemplos o Geoparque de Uberaba (MG) e o Parque do Varvito, em Itu (SP), que exibem formações rochosas e promovem o turismo sustentável, integrando a geologia, a paleontologia e o desenvolvimento socioeconômico da região.
Fonte: g1.globo.com
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