Em discurso realizado em Santa Marta, Colômbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o multilateralismo entre as nações e criticou duramente as justificativas para o uso da força e intervenções consideradas ilegais em países. A declaração ocorreu durante a sessão plenária do primeiro dia da 4ª Reunião de Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).
“A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, afirmou o presidente, sem mencionar países específicos. Ele complementou: “Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional.”
O encontro acontece em um momento de crescente preocupação entre governos latino-americanos devido à ofensiva de países como os Estados Unidos contra o que consideram traficantes de drogas em águas internacionais no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico. Desde setembro, militares têm atacado embarcações sob a alegação de que transportam drogas de países como a Venezuela para os Estados Unidos. Um ataque recente resultou em mortes, elevando o número total de vítimas em operações similares para cerca de 70.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nega qualquer envolvimento do país com o narcotráfico, alegando que essas ações visam criar pretextos para uma possível invasão ao país, que detém vastas reservas de petróleo.
A reunião na Colômbia reúne líderes de 27 países da UE e 33 da Celac. Lula enfatizou a importância de ambos os grupos na construção de uma ordem mundial baseada na paz, no multilateralismo e na multipolaridade. Contudo, reconheceu que a América Latina e o Caribe enfrentam divisões internas e ameaças como o extremismo político, a manipulação de informações e o crime organizado.
Lula também abordou a questão da segurança pública, enfatizando que é um dever do Estado e um direito fundamental. “Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade. É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando o seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas”, declarou.
O presidente ressaltou a importância da cooperação internacional no combate ao crime, mencionando o comando tripartite na tríplice fronteira com Argentina e Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, que reúne nove países sul-americanos.
Lula aproveitou o discurso para destacar os preparativos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), sediada em Belém. Ele descreveu a COP30 como uma oportunidade para a América Latina e o Caribe demonstrarem ao mundo que a conservação das florestas é essencial para o futuro do planeta, exaltando o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Ele pediu ainda por esforços para a transição energética, em direção a fontes de energia limpa.
Ao defender políticas de igualdade de gênero, Lula expressou o desejo de ver uma mulher latino-americana no cargo de Secretária-Geral da ONU.
Após a participação na cúpula em Santa Marta, Lula segue para Belém, onde será realizada a COP30.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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