O Mês de setembro é destinado ao combate e prevenção ao Suicídio, na campanha mundialmente conhecida como “Setembro Amarelo” e é também o mês destinado a falar e debater de forma mais intensa sobre a saúde mental da população em geral e em especial da saúde mental das mulheres vítimas de violência doméstica.
Os estudos apontam o maior risco de desenvolvimento de transtorno mental entre mulheres que já foram vítimas de violência e que as mulheres que sofreram violência de seus companheiros apresentam mais casos de ansiedade e depressão de que mulheres que não sofreram violência.
Como Delegada da Mulher, constato diariamente, no atendimento e conversa com as mulheres, que a violência doméstica está causando o adoecimento físico e mental das mulheres que sofrem ou sofreram violência doméstica, familiar ou nas relações intimas de afeto. Muitas mulheres que atendemos apresentam baixa autoestima, apatia, tristeza, culpa, vergonha e medo e tais impactos na saúde mental poderão ter repercussão mesmo depois que a mulher consegue vencer o ciclo de violência.
Vale destacar que a violência psicológica (entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação) sofrida pela mulher é um grande fator desencadeante das doenças mentais como ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático e depressão.
É salutar que as vítimas de violência doméstica recebam apoio psicológico e médico e que os profissionais de saúde envolvidos no atendimento precisam entender a complexidade do problema para assim ajudarem as vítimas.
Sobre Maria José Maciel:
Graduada em Direito e Pós-Graduada em Direito Penal e Processo Penal, Delegada de Polícia do Estado da Bahia, e atualmente atuando como Delegada do Núcleo Especial de Atendimento a Mulher (NEAM).