Pais, alunos, educadores e entidades ligadas à educação se manifestaram em São Paulo contra a entrada de policiais militares armados em uma escola municipal de educação infantil. O protesto ocorreu após um incidente no qual policiais entraram na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Bento, em 12 de novembro.
A ação policial foi desencadeada após o pai de uma aluna, que também é policial, acionar a corporação devido a um desenho de um orixá feito pela filha na escola.
Durante a manifestação, o grupo percorreu as ruas a partir da escola, carregando cartazes com mensagens contra a violência no ambiente escolar. Frases como “Onde houver intolerância, que haja mais educação”, “Mais amor e mais livros, menos violência” e “Escola não é lugar de polícia” foram entoadas pelos manifestantes.
O Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Unidades de Educação Infantil (Sedin) estiveram entre as organizações que articularam o ato. Os participantes também defenderam a ampliação das redes de resistência antirracistas e a eliminação do machismo nas escolas.
Gisele Nery, mãe de uma aluna e integrante do conselho da escola, acompanhou o caso desde o início. Ela relatou que o pai da aluna, antes da chegada da polícia, havia rasgado o desenho feito pela filha, um ato que causou desconforto e estranhamento entre as outras crianças. Gisele afirmou que a escola tentou dialogar com o pai, convidando-o a participar das atividades para entender melhor o tema, mas ele não respondeu.
Ainda segundo Gisele, durante a ação na escola, os policiais ameaçaram prender a diretora, que é negra, sendo defendida pelos conselheiros presentes em uma reunião no momento da discussão.
Milena Leite, estudante de Pedagogia, classificou o ocorrido como uma investida “brutal” e inaceitável, ressaltando a presença da intolerância religiosa, especialmente em relação às religiões de matriz africana.
O Ministério da Igualdade Racial informou que a atividade de apresentação de orixás está em conformidade com as leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que estabelecem o ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas.
De acordo com relatos, quatro policiais militares compareceram à Emei Antônio Bento após serem acionados pelo pai da aluna, que alegou que a filha estaria sendo obrigada a participar de aulas sobre religiões africanas. No dia anterior, o pai já havia demonstrado sua insatisfação na escola e retirado o desenho de Iansã feito pela filha de um mural. Os policiais permaneceram na escola por mais de uma hora.
A diretora da escola, Aline Aparecida Nogueira, afirmou que a instituição “não trabalha com doutrina religiosa” e que o trabalho é “centrado a partir do currículo antirracista”. Ela também disse ter se sentido “coagida e interpelada pela equipe por aproximadamente 20 minutos”.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Militar está investigando a conduta da equipe que atendeu à ocorrência, inclusive analisando as imagens das câmeras corporais. A professora da escola registrou um boletim de ocorrência contra o pai da aluna por ameaça.
A Secretaria Municipal de Educação declarou que o pai recebeu esclarecimentos de que o trabalho apresentado pela filha era parte de uma produção coletiva e que a atividade integra as propostas pedagógicas da escola, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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