Durante a Operação Vigilância Aproximada, deflagrada na semana passada, equipes da Polícia Federal encontraram na casa de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) uma caneta espiã. A informação é do colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim.
A ação investiga suposto esquema na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que monitorava ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas. O mandado de busca e apreensão foi realizado na casa do filho número dois do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na Barra da Tijuca (RJ), uma casa em Angra dos Reis, onde o vereador passou a noite após fazer uma live com o pai, e o gabinete dele na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Conforme o colunista, o objeto apreendido tem uma câmera secreta, que filma, grava e tira fotos. Aliados do filho de Bolsonaro teriam dito que o equipamento foi comprado há dez anos, e nunca usado por ele. Além da caneta, o celular dele também foi apreendido.
Ainda durante a operação, os agentes esqueceram um equipamento da PF em outro endereço vinculado ao parlamentar. O item foi descrito por Carlos a aliados como “uma espécie de pen drive que aparenta ser de origem russa”.
Operação
A operação Vigilância Aproximada teve início no último dia 25. O ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi alvo de busca e apreensão. Segundo a investigação, o parlamentar usou a estrutura do órgão para fazer espionagens ilegais que favoreceriam a família de Bolsonaro.
Conforme a PF, a Abin teria monitorado ilegalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, a ex-deputada Joice Hasselmann e o ex-governador Camilo Santana, do Ceará, hoje ministro da Educação do governo Lula, entre outras pessoas. A investigação aponta que ferramentas e serviços da Abin foram utilizados para monitorar ilegalmente essas autoridades.
A Abin é o órgão responsável por fornecer informações e análises estratégicas à Presidência da República para contribuir na tomada de decisões. Conforme as investigações, a organização criminosa utilizava ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Sob as orientações de Ramagem, sete policiais federais cumpriam as determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas.
A Polícia Federal encontrou, por exemplo, registros de que a Abin tentou produzir provas que relacionassem ministros do STF e deputados federais de oposição ao governo de Bolsonaro ao Primeiro Comando da Capital (PCC). As notícias falsas ligando essas autoridades à organização criminosa circularam em grupos bolsonaristas.
Investigados
Ao todo, foram autorizados nove mandados de busca e apreensão: cinco no Rio de Janeiro (RJ), um em Angra dos Reis (RJ), um em Brasília (DF), um em Formosa (GO) e um em Salvador (BA). Entre os endereços, endereços ligados a Carlos Bolsonaro.
A suspeita da PF é de que Carlos teria recebido “materiais” obtidos ilegalmente pela Abin, de acordo com o blog da jornalista Camila Bomfim, da GloboNews.
Quando a PF esteve na casa de Angra dos Reis, Bolsonaro e os filhos não estavam. Eles retornaram ainda durante a manhã. Segundo o advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarte, Bolsonaro saiu para pescar com filhos e amigos às 5h da manhã antes de saber da operação.
Assessores também foram alvos da ação da Polícia. Segundo a TV Globo, são eles: Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora de Carlos na Câmara do Rio; Priscila Pereira e Silva, assessora de Ramagem na Câmara dos Deputados; e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército que, segundo a PF, assessorou Ramagem na Abin.
No último dia 28, Bolsonaro negou ter criado uma “Abin paralela” com a finalidade de espionar seus adversários políticos enquanto era presidente. Ao lado dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo, o ex-presidente defendeu Ramagem, dizendo que ele é um “cara fantástico”.
Fonte: TERRA
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