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Médicas faltam ao trabalho em hospital público e são vistas em atividades pessoais

Três médicas ginecologistas do Ambulatório de Especialidades do Complexo Hospitalar Heliópolis, localizado na Zona Sul de São Paulo, foram vistas realizando compras e frequentando aulas de pilates durante o horário em que deveriam estar atendendo pacientes no hospital. A situação foi exposta após reclamações de pacientes que enfrentam dificuldades para agendar consultas há meses.

Uma escala fixada na recepção do ambulatório indica que as médicas Márcia Kamilos, Silmara Fialho e Mara Gomes compõem o quadro de profissionais da área de ginecologia. No entanto, pacientes como a cozinheira Rita de Cássia relatam dificuldades em marcar consultas há mais de seis meses, recebendo sempre a mesma resposta sobre a falta de vagas e médicos. A irmã de Rita também enfrenta a mesma dificuldade.

Uma investigação revelou que a médica Márcia Kamilos está afastada do hospital há um ano, desde dezembro de 2024, devido a um atestado médico de 365 dias por “capacidade laborativa prejudicada”. Apesar do afastamento, foi possível agendar uma consulta com a médica em uma clínica particular nos Jardins. Além disso, Kamilos participou de congressos, ministrou aulas e palestras em diversas cidades durante o período de seu afastamento médico.

A rotina da médica Silmara Fialho, escalada para trabalhar às segundas e quartas-feiras, foi acompanhada durante um mês. Em um dos dias observados, ela registrou o ponto de entrada, mas deixou o local duas horas antes do término oficial de seu expediente, sem retornar para registrar a saída. Em outra ocasião, chegou com uma hora e meia de atraso e saiu mais cedo. A equipe de reportagem a flagrou fazendo compras na zona cerealista de São Paulo durante o horário em que deveria estar trabalhando no Hospital Heliópolis. Em outros dias, ela simplesmente não compareceu ao trabalho.

A médica Mara Gomes, por sua vez, tem uma escala que inclui jornadas de 10 horas às segundas e quartas, e 6 horas às sextas. Em um dos dias investigados, ela retornou ao ambulatório após um período de três horas fora do hospital, tempo em que fez aula de pilates e almoçou. Em outra ocasião, foi vista em uma aula de pilates em São Caetano no período da manhã, quando deveria estar no hospital.

Entre janeiro e outubro de 2025, as médicas Márcia Kamilos, Mara Gomes e Silmara Fialho receberam salários que, somados, ultrapassam R$ 210 mil, de acordo com o Portal da Transparência do Estado de São Paulo.

A médica Márcia Kamilos informou que a administração do hospital está ciente de seu afastamento e da documentação apresentada. As médicas Silmara Fialho e Mara Gomes não responderam aos contatos.

A Secretaria da Saúde informou que determinou à organização social Albert Einstein, responsável pela gestão do hospital, uma apuração imediata e rigorosa dos fatos, e que repudia qualquer conduta incompatível com a ética profissional. A Organização Einstein Hospital Israelita afirmou que iniciou a implementação de melhorias nos controles internos, como registro de ponto por biometria facial.

Fonte: g1.globo.com

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