Em Itu, interior de São Paulo, o ateliê do renomado grafiteiro e muralista Eduardo Kobra abriu suas portas para uma exposição singular. O espaço dedica-se a celebrar a arte produzida por artistas que utilizam exclusivamente os pés e a boca para criar suas obras.
A mostra reúne telas de 20 pintores, proporcionando uma experiência sensorial, acessível e inclusiva. A iniciativa visa enaltecer o talento, a sensibilidade e a superação de desafios diários demonstrados por esses artistas.
Domingos Dupé Ferreira da Silva é um dos artistas em destaque. Nascido com atrofia nos braços e mãos, Domingos descobriu na pintura com os pés, aos sete anos, uma forma de expressão e superação. “Desde bem novo eu coloquei na minha cabeça que a vida é um desafio e eu nasci pro desafio. A arte me ajudou muito nesse sentido”, declara Domingos.
A exposição é uma realização da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP), em parceria com o Instituto Kobra. A APBP reúne mais de 700 artistas em 69 países, com 57 deles atuando no Brasil. Paola Manograsso, diretora da associação, ressalta que, embora muitos artistas já nasçam com deficiência e encontrem mais facilidade em usar outros membros, a adaptação à pintura com os pés e a boca pode ser um desafio para quem adquire a deficiência ao longo da vida.
“Temos artistas que já nasceram com a deficiência e, para eles, de certa forma é até mais fácil, porque nunca usaram as mãos. Mas temos aquelas histórias de artistas que, no decorrer da vida, por uma doença ou acidente, de repente se veem tetraplégicos do dia para a noite. E é aí que a arte entra, como uma forma de sustento e expressão”, explica Paola.
Kobra expressou sua admiração pelos artistas: “Depois que eu os conheci, tive um renovo, é mais do que uma experiência espiritual, é uma experiência de vida. Acho que algumas palavras foram criadas para falar sobre eles como resiliência, força, coragem, determinação e fé. É tanto amor que está transbordando hoje aqui, que mudou minha vida e faz toda a minha trajetória ter sentido.”
Bárbara Corrêa da Silva, que nasceu com uma deficiência que afeta o movimento de seus braços e pernas, também usa a boca para pintar. “Ele consegue passar aquilo que eu ainda não consegui passar, é uma inspiração muito grande estar aqui porque eu consigo ver coisas tipo que são maravilhosas o trabalho dele é lindo, é um aprendizado muito grande tá aqui também”, disse Bárbara.
O ateliê, localizado no Museu FAMA, em Itu, está aberto ao público de sexta a domingo, das 11h às 17h. A exposição das obras da APBP permanece em cartaz até 30 de novembro.
Fonte: g1.globo.com
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