A Polícia Civil prendeu um jovem, de 21 anos, que gravou uma música debochando da morte do PM Patrick Bastos Reis, da equipe Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), em Guarujá, no litoral de São Paulo. Adelso dos Santos de Almeida Júnior foi detido por apologia ao crime e associação ao tráfico.
Nas imagens, obtidas pelo g1 nesta sexta-feira (4), Adelso canta uma música relatando o episódio em que o PM e outro agente foram baleados na comunidade Vila Julia. Na letra, o jovem afirmou que os criminosos estavam “cheios de ódio” e também zombou dos policiais atingidos.
Ele ainda citou que havia uma ‘nove na cintura’, em referência à arma apreendida pela corporação no local do crime. Até o momento, a Polícia Civil prendeu três homens por envolvimento na morte do policial militar.
Veja a letra:
Se é apologia, eu vou mandar
Vou mandar, mando aí
Eu troco tiro com a Baep
E é sem medo de morrer
Aqui é o [nome da fação]
Eu sou do crime organizado
Pode descer lá, Rota
Da capital de São Paulo
Os ‘menor’ cheio de ódio
Com a 9 na cintura
Eu tava no horário
Do nada vira a viatura
Trocaria do c…
Eu vou contar pra vocês
Nós mandamos um montão
Baleamos…
Um ficou f…
E o que ‘deitou’ foi o Reis
Prisão de Adelso
O suspeito foi preso em flagrante em frente a um supermercado em Guarujá, após não ter sido encontrado em casa, na mesma cidade, para o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na quinta-feira (3). Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, o celular em que Adelso gravou o vídeo foi apreendido.
Em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, o advogado que representa Adelso, Silvano José de Almeida, disse que o suspeito estava alcoolizado durante a gravação do vídeo e discordou da prisão em flagrante por associação ao tráfico.
“Ele não faz parte de organização criminosa e não estava presente no dia dos fatos que vitimaram lamentavelmente o policial militar. Está arrependido”, complementou o advogado.
Entenda o caso
O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Júlia em Guarujá, na quinta-feira (27). A morte dele foi confirmada no mesmo dia. Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado.
Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes.
Erickson, também conhecido como ‘Deivinho’, foi capturado na Zona Sul de São Paulo, durante a noite do último domingo (30). Segundo informações da polícia, Erickson tem 28 anos, é solteiro e teria atirado em direção ao soldado da Rota de uma distância de mais de 50 metros.
Na segunda-feira (31), Erickson foi encaminhado ao Fórum de Santos, onde passou por audiência de custódia, que começou por volta das 10h. A Justiça definiu que a prisão temporária foi mantida por 30 dias.
Defesa
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da TV Globo, o advogado do Wilton Felix disse que suspeito se diz inocente e estava na comunidade em Guarujá, para comprar drogas. “Ele [Erickson] alega e atesta que não participou do evento morte. Na fatalidade, ele estava comprando droga, por fazer uso de entorpecentes, quando ouviu vários tiros e no pavor da situação, ele fugiu do local”, explicou Felix.
Ainda segundo o advogado, imagens do suspeito foram vinculadas como sendo o principal suspeito de ter realizado o disparo de ter matado o policial. “Ele ficou com receio e foi para outra cidade, sendo hoje (domingo), de livre e espontânea vontade, se integrou as autoridades, na Corregedoria da Polícia, mostrando que acredita que ele foi vítima de uma injustiça”, disse o advogado.
Mortes
Em vídeo gravado antes de ser preso, o suspeito afirma, em relato direcionado ao governador de SP e ao secretário de Segurança Pública, que estão “matando uma ‘pá’ de gente inocente”. Ele diz não ter nada a ver com o caso, mas que vai se entregar. Erickson diz ainda que estão “querendo pegar” sua família (veja o vídeo acima).
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta segunda-feira (31) que o vídeo gravado pelo suspeito foi “uma estratégia do crime organizado”.
“A verdade é que esse vídeo que ele fez, orientado pelos seus defensores, inclusive tem áudio do advogado o orientando a fazer esse vídeo, se os senhores ainda não possuem, ao longo das investigações vão tomar conhecimento disso, é uma estratégia do crime organizado, inclusive de cooptar moradores, de cooptar pessoas das comunidades que também são vítimas do tráfico organizado apresentando versões”, afirmou.
Até a última atualização desta reportagem, SSP-SP confirmou que o número de mortes subiu para 16 durante a Operação Escudo realizada em Guarujá (SP). A ação da polícia começou, na última sexta-feira (28) após execução de PM da equipe Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) durante patrulhamento na região.
Reforço
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário de segurança do estado, Guilherme Derrite, anunciaram aumento do efetivo policial e uma nova unidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis. Segundo o governador, as ações se fazem necessárias pois “o tráfico ocupou a Baixada Santista”.
De acordo com Tarcísio, a Operação Escudo vai continuar na Baixada Santista por pelo menos 30 dias. Além disso, o governador ainda prometeu novas ações na região.
“Nós vamos levar para a Baixada Santista o aumento de efetivo, unidade da Polícia Militar. Nós devemos ter mais uma unidade da Polícia na Baixada para aumentar o efetivo e responder o anseio da Baixada”, disse Tarcísio.
Fonte: G1
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