O primeiro centro de pesquisas em hidrogênio verde do Brasil foi inaugurado nesta quinta-feira, em Itajubá, Minas Gerais. O local estudará formas de avançar o uso do produto, uma das alternativas para reduzir a poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis.
O espaço fica na Unifei (Universidade Federal de Itajubá), e foi criado com um investimento de R$ 25 milhões, feito pelo governo da Alemanha, por meio da agência estatal GIZ. Boa parte desta verba foi usada para comprar um eletrolisador de 300 kW de potência, equipamento que produz hidrogênio.
O novo centro estudará o uso de hidrogênio verde em processos industriais, na geração de energia elétrica e na mobilidade urbana, como em ônibus. Está prevista também a criação de parcerias com empresas, como siderúrgicas instaladas em Minas Gerais.
Na segunda etapa do projeto, planejada para o início de 2024, será inaugurada uma unidade de produção de hidrogênio verde e uma estação de abastecimento de veículos. Com isso, o centro deve conseguir produzir 60N m³/h do material e estudar também questões como armazenamento e transporte do material. O hidrogênio será produzido com energia solar.
“É fundamental a atração de novos investimentos para fortalecer a ampliação do financiamento em hidrogênio e o desenvolvimento desse mercado tão importante para a transição energética. O Ministério de Minas e Energia (MME) está trabalhando na definição do marco legal-regulatório nacional para o hidrogênio juntamente com outros ministérios para apresentar a proposta ao Congresso Nacional”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Em agosto deste ano, o MME lançou um plano de trabalho do Programa Nacional do Hidrogênio, que prevê aumentar os investimentos na área em sete vezes, até atingir R$ 200 milhões ao ano em 2025.
“Nosso objetivo é que com esse plano tenhamos, em 2025, uma disseminação de plantas piloto de hidrogênio de baixa emissão de carbono em todas as regiões do país. Em 2030, queremos consolidar o Brasil como um dos países mais competitivos no mundo nessa área”, planeja Silveira.
Em 2022, a demanda global por hidrogênio cresceu 3% em relação ao ano anterior, e atingiu 95 Mt, segundo dados da IEA (Agência Internacional de Energia). A entidade projeta que a demanda deva superar 150 Mt até 2030, puxada por empresas que querem tornar sua produção mais limpa.
Em março deste ano, a União Europeia estabeleceu metas para que o continente reduza o uso de hidrogênio gerado com energia de fontes poluentes, chamado de hidrogênio cinza. Estados Unidos, Reino Unido e Japão também lançaram iniciativas para tentar avançar a tecnologia do hidrogênio limpo.
Além do uso como combustível, o hidrogênio tem várias outras aplicações industriais, como na fabricação de fertilizantes e de outros combustíveis sintéticos, como o SAF (Combustível Sustentável de Aviação).
O que é o hidrogênio verde
O hidrogênio (H²) é um dos materiais que estão sendo estudados em vários países do mundo como opção para substituir derivados do petróleo. No entanto, ainda há várias questões técnicas a serem resolvidas antes de que ele possa ser usado em larga escala.
O hidrogênio é obtido a partir da água, em um processo de eletrólise: com o uso de energia elétrica, as moléculas de oxigênio e hidrogênio que formam a água são separadas, gerando hidrogênio puro.
Ao ser queimado como combustível, o hidrogênio não gera poluentes, como o gás carbônico gerado pela gasolina, por exemplo. Ele pode ser usado para alimentar caldeiras industriais e motores variados, como os de carros, ônibus e caminhões.
O hidrogênio verde ganha esse nome quando sua produção é feita usando energia de fontes limpas. Como o Brasil gera a maior parte de sua energia via hidrelétricas, o país tem forte potencial para se tornar um grande produtor de hidrogênio verde.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), atualmente menos de 1% do total de hidrogênio usado no mundo é gerado sem emitir poluentes.
O uso de hidrogênio como combustível interessa especialmente às indústrias, como a siderurgia, pois permitirá reduzir as emissões de poluentes no processo de fabricação e criar produtos com selo de produção limpa, como um “aço verde”.
Outra vantagem é que a produção de hidrogênio poderia ser feita localmente, já que pode ser feito com água e seria possível criar pequenas usinas locais de fabricação do insumo. No entanto, os equipamentos ainda são caros, e é preciso estudar melhor como os equipamentos das fábricas podem ser adaptados para funcionar com hidrogênio.
Outra questão é que o item exige cuidados para ser transportado em longas distâncias, pois é bem mais inflamável que outros gases, como o metano, o que aumenta o risco de incêndios. O material pode ser levado em cilindros pressurizados ou em gasodutos, mas ambos precisam receber adaptações para transportá-lo.
Fonte: EXAME
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