© Fernando Frazão/Agência Brasil

Fronteira cerrado: avanço agrícola e impacto ambiental no brasil

O agronegócio brasileiro, crucial para a economia nacional, equilibra-se entre o superávit comercial e o impacto ambiental, gerando discussões sobre seus benefícios e malefícios. Embora governos e especialistas o considerem essencial para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a expansão do setor tem sido associada a danos ambientais significativos e à concentração de terras e riquezas.

Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) indicam que o agronegócio pode representar até 25% do PIB, considerando seus efeitos em setores como transporte, insumos e agroindústria. No entanto, esse crescimento econômico acarreta custos ambientais, como o desmatamento do Cerrado, que ameaça a segurança hídrica do país. O bioma, conhecido como o “berço das águas”, abriga as nascentes de oito das doze bacias hidrográficas do Brasil. Dados do MapBiomas revelam que a vegetação nativa do Cerrado já foi reduzida à metade.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas, no Maranhão, Airton Zamingnan, defende a importância do agronegócio para a região, argumentando que, sem ele, a área permaneceria com indicadores socioeconômicos desfavoráveis. Segundo ele, o estado possui vocação, clima, porto e solos favoráveis ao desenvolvimento do setor.

Contudo, o economista Danilo Fernandes, da Universidade Federal do Pará (UFPA), ressalta que a avaliação do agronegócio não deve se limitar ao PIB. Ele questiona o quanto do território nacional é imobilizado para produzir tal riqueza, o impacto no solo, o desmatamento, a destruição da biodiversidade e a potencial diminuição das chuvas. Fernandes também aponta que o setor é altamente mecanizado, utilizando pouca mão de obra.

Apesar de reconhecer a relevância econômica do agronegócio, o economista defende a necessidade de conter a expansão para novas áreas, comparando-a a um “câncer”.

O Brasil se destaca como líder na produção de soja, um dos principais grãos do mercado mundial, impulsionado pelo apoio estatal nas últimas décadas. Esse suporte inclui terras abundantes e baratas, incentivos fiscais e empréstimos subsidiados pelo governo, como o Plano Safra, que atingiu o valor recorde de R$ 516,2 bilhões em 2025. Em contrapartida, a agricultura familiar recebeu R$ 89 bilhões, representando um crescimento significativo em relação ao governo anterior.

Gilberto de Souza Marques, professor de economia política da UFPA, critica o baixo retorno social do agronegócio em comparação com o valor investido pelo Estado, questionando a capacidade de geração de empregos frente ao montante de capital envolvido, às isenções fiscais e aos créditos subsidiados.

O economista Danilo Fernandes também aponta que o apoio estatal ao longo das décadas gerou distorções no mercado interno, pressionando o preço dos alimentos no Brasil. Bruno Bassi, coordenador do projeto De Olho Nos Ruralistas, destaca o desequilíbrio no poder político, com grandes proprietários de terra detendo uma representação desproporcional no Congresso Nacional.

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) busca demonstrar que o setor faz parte da solução para os problemas ambientais, defendendo a produção sustentável da agropecuária brasileira e seu papel fundamental nas soluções climáticas, segurança alimentar e energética.

A diretora de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Iara Bueno Giacomini, afirma que a estratégia do governo é trabalhar em parceria com o agronegócio, incentivando o desenvolvimento de práticas mais sustentáveis por meio de políticas públicas. O projeto Ecoinvest, que captou R$ 30 bilhões para a recuperação de pastagens degradadas e o aumento da produtividade agrícola, é um exemplo dessas iniciativas.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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