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Estudo revela alta incidência de violência em namoros adolescentes

Um estudo abrangente realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) lança luz sobre a prevalência alarmante de violência nos relacionamentos de adolescentes. A pesquisa, que envolveu 539 alunos do segundo ano do ensino médio, investigou a correlação entre experiências de violência na infância e comportamentos violentos durante o namoro.

Publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, o estudo foi conduzido em colaboração com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola de Saúde de Harvard. A amostra diversificada incluiu estudantes de escolas públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro, com idades variando entre 15 e 19 anos, todos os quais haviam vivenciado um relacionamento nos últimos 12 meses.

A investigação concentrou-se em bairros específicos como Andaraí, Grajaú, Vila Isabel e Maracanã, caracterizados por um padrão de desigualdade socioeconômica, apesar de apresentarem um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Os pesquisadores analisaram minuciosamente diferentes formas de violência no namoro, incluindo violência física, emocional, sexual e relacional, além de comportamentos considerados ameaçadores.

Os resultados revelaram que aproximadamente 95% dos jovens relataram ter sofrido ou praticado violência emocional, tornando-se o tipo mais comum de agressão. Adicionalmente, cerca de 30% dos participantes afirmaram ter vivenciado violência física, enquanto 16% relataram ser vítimas de violência sexual, abrangendo atos sexuais ou toques sem consentimento.

Claudia Moraes, pesquisadora do Instituto de Medicina Social da UERJ, destaca a natureza recíproca da violência física e emocional, observando que tanto meninos quanto meninas frequentemente se envolvem nessas práticas, como se a violência fosse uma parte inerente do relacionamento.

A pesquisa aponta para um passado conturbado como fator determinante, uma vez que a maioria dos entrevistados relatou ter sofrido algum tipo de abuso ou negligência na infância. Além disso, cerca de 40% tinham amigos envolvidos em violência juvenil, e 80% admitiram ter consumido álcool nos três meses anteriores à pesquisa.

Cláudia Moraes enfatiza que a violência transcende as barreiras de classe social e expõe a desigualdade presente no país. Ela observa que a violência é mais comum entre adolescentes que foram vítimas de violência durante a infância, que residem em áreas com altos níveis de violência comunitária e que consomem álcool com frequência. A pesquisadora conclui que a violência no namoro é um reflexo das desigualdades sociais existentes no Brasil.

Entre os jovens avaliados, 40% estudavam em escolas públicas, mais de 80% pertenciam às classes econômicas B e C, e aproximadamente 60% não viviam com ambos os pais.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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