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Crise Climática: Humanos podem causar sua própria extinção

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A humanidade enfrenta um cenário alarmante, com a crise climática se intensificando e pondo em xeque a própria sobrevivência da espécie. Enquanto o planeta Terra demonstra uma resiliência notável, capaz de se recuperar de eventos cataclísmicos que resultaram em cinco grandes extinções em massa – como a que eliminou os dinossauros –, a intervenção humana tem alterado drasticamente esse ciclo natural. Especialistas alertam que, diferentemente das eras geológicas passadas, a atual deterioração ambiental é diretamente impulsionada pelas atividades humanas, configurando uma ameaça sem precedentes. As consequências desse esgotamento do planeta já são sentidas, manifestando-se em eventos extremos e impactando diretamente a saúde humana em diversas frentes, de doenças infecciosas a crises de fome e desnutrição, exigindo uma reavaliação urgente da relação entre a sociedade e o meio ambiente.

A resiliência planetária versus a vulnerabilidade humana

A Terra, um corpo rochoso com aproximadamente 4,5 bilhões de anos, já vivenciou e superou catástrofes de magnitudes incalculáveis. A geóloga Adriana Alves, professora da Universidade de São Paulo (USP), explica o conceito da “Dinâmica de Gaia”, que postula a Terra como um organismo vivo, autônomo e capaz de se reajustar. Segundo Alves, na vasta linha do tempo geológica, a presença da espécie humana ou de dinossauros tem pouca ou nenhuma relevância para a existência contínua do planeta. “A vida se ergue. Não a mesma vida, de antes da catástrofe, da extinção em massa, mas uma vida adaptada às novas condições”, afirma a geóloga, ressaltando a capacidade da biosfera de se reconfigurar.

A história das extinções e a particularidade do Antropoceno

Ao longo de sua existência, a Terra passou por cinco grandes extinções em massa, que redesenharam completamente a vida no planeta. A mais conhecida, ocorrida há cerca de 66 milhões de anos, levou ao desaparecimento dos dinossauros, mas a vida, de alguma forma, sempre encontrou meios de persistir e evoluir. Contudo, o cenário atual, cunhado por alguns cientistas como Antropoceno – a era geológica marcada pela influência humana no planeta –, apresenta uma distinção crucial. “A espécie humana vai ser a primeira a causar a própria extinção”, resume a especialista, destacando a singularidade da situação onde a ação de uma única espécie pode levar ao seu próprio fim, e a outras formas de vida, sem necessariamente significar o fim da Terra em si.

Os impactos diretos da crise climática na saúde humana

Enquanto a Terra demonstra sua capacidade de se regenerar, o corpo humano, em contraste, não possui a mesma resiliência frente às mudanças climáticas aceleradas. A deterioração ambiental tem um custo direto e tangível na saúde e no bem-estar das populações. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2023 detalha como a saúde física e mental é afetada, alertando para a ocorrência de doenças de origem alimentar e hídrica, além do aumento de enfermidades transmitidas por vetores.

Doenças e vulnerabilidades: o preço do esgotamento planetário

O superaquecimento global e a crise hídrica, manifestados em inundações e secas extremas, criam um ambiente propício para a proliferação de uma série de doenças. O aumento das temperaturas está ligado a riscos elevados de doenças cardíacas e respiratórias. O derretimento do gelo polar, que eleva o nível do mar, e as inundações subsequentes, expõem comunidades a infecções como a leptospirose e, em casos mais graves, até certos tipos de câncer. A alteração nos regimes de chuva, que culmina em secas prolongadas e escassez de água potável, agrava a ocorrência de diarreia, desnutrição e doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como a dengue. Pesquisas, inclusive do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, projetam o aumento de casos de malária e leishmaniose, indicando um espectro cada vez mais amplo de ameaças à saúde pública.

O drama da Amazônia: seca, fome e isolamento

A crise climática é particularmente devastadora em regiões já vulneráveis, como a Amazônia. O médico infectologista Dr. Eugênio Scannavino Netto relata o impacto direto de uma das piores secas já registradas na região do Pará. Comunidades ribeirinhas, que dependem diretamente do rio e da floresta para sua subsistência, enfrentam fome generalizada e desnutrição. “A seca, ela não só traz incêndios, mas ela também, reflete totalmente na agricultura familiar, as pessoas vivem da floresta! Então aquela pequena roça que eles fazem, não brota”, explica o Dr. Scannavino.

Além da interrupção da produção de alimentos, a baixa qualidade da água devido à contaminação por esgoto e o isolamento imposto pelos rios secos dificultam o acesso a alimentos e medicamentos, e a remoção de pacientes. As consequências são surtos de diarreia, parasitoses e doenças de pele, somados a um calor intenso e o esforço físico exaustivo para buscar água. “Quanto mais vulnerável a comunidade, mais ela é impactada”, observa o médico, destacando a injustiça climática que afeta desproporcionalmente aqueles que mais contribuem para a preservação ambiental.

Um apelo à resiliência e à ação imediata

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Diante do cenário crítico, a necessidade de ação é premente. O climatologista Carlos Nobre faz um apelo à responsabilidade das gerações atuais e futuras. Ele projeta um futuro onde seus netos enfrentarão um número significativamente maior de ondas de calor e eventos climáticos extremos do que sua própria geração. A sobrevivência e o bem-estar dessas futuras gerações dependem das decisões tomadas hoje.

O papel das novas gerações na mitigação e adaptação

Nobre enfatiza que as novas gerações terão a difícil tarefa de “reduzir o risco, zerar todas as emissões e tornar a população muito mais resiliente às mudanças climáticas”. A resiliência, neste contexto, não se refere apenas à capacidade da natureza de se recuperar, mas à capacidade da sociedade de se adaptar aos impactos inevitáveis das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que se empenha ativamente para mitigar suas causas. É um chamado para uma transformação fundamental em nossos sistemas econômicos, sociais e energéticos, buscando soluções inovadoras e sustentáveis para “salvar o planeta”, e consequentemente, a própria humanidade.

Perguntas frequentes

O que significa a “Dinâmica de Gaia”?
A “Dinâmica de Gaia” é um conceito que trata a Terra como um organismo vivo e autorregulador, capaz de manter as condições necessárias para a vida, mesmo após grandes perturbações, adaptando-se e se recuperando ao longo de bilhões de anos.

Quantas extinções em massa a Terra já sofreu?
A Terra já passou por cinco grandes extinções em massa ao longo de sua história geológica, sendo a mais recente a que causou o desaparecimento dos dinossauros.

Quais são as principais doenças relacionadas à crise climática mencionadas no texto?
O texto menciona leptospirose, dengue, diarreia, desnutrição, fome, doenças cardíacas e respiratórias, infecções diversas, câncer, malária e leishmaniose, todas agravadas ou diretamente causadas pelos impactos das mudanças climáticas, como superaquecimento e crises hídricas.

As ações humanas podem realmente levar à extinção da própria espécie?
Sim, especialistas alertam que as atividades humanas, ao acelerar a crise climática e esgotar os recursos naturais de forma insustentável, estão criando condições que podem, de fato, levar à extinção da espécie humana, mesmo que o planeta Terra continue a existir e se adaptar.

O que é o Antropoceno?
O Antropoceno é um termo proposto para designar a atual época geológica, caracterizada pela influência dominante das atividades humanas sobre o meio ambiente, impactando processos geológicos, biológicos e atmosféricos em escala global.

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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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