Às vésperas de uma das datas mais aguardadas pelo setor, o comércio brasileiro celebra um aumento notável nas vendas e um recorde histórico em contratações temporárias para o Natal. Apesar de um crescimento inicial de 2% nas vendas em comparação ao ano anterior, a movimentação nos estabelecimentos, desde lojas de departamento a supermercados, exigiu uma expansão significativa da força de trabalho. Este cenário otimista marca os melhores números da última década para o varejo. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta a admissão de mais de 100 mil trabalhadores neste final de ano, superando em 5.500 vagas o desempenho do período anterior e sinalizando uma fase de aquecimento para o mercado de trabalho.
Recorde de contratações impulsiona o varejo
O setor varejista brasileiro vive um momento de grande euforia com a proximidade do Natal. As expectativas de vendas, aliadas à demanda crescente de consumidores nas lojas e supermercados, impulsionaram o número de contratações temporárias a um patamar inédito nos últimos dez anos. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a projeção é de que mais de 100 mil novas vagas temporárias sejam abertas para atender ao pico de demanda de fim de ano. Esse volume representa um acréscimo de 5.500 postos de trabalho em relação ao período natalino do ano passado, consolidando um recorde que reflete a resiliência e a capacidade de recuperação do mercado.
Ainda mais animador é o prognóstico de efetivação. A CNC estima que mais de 12% desses trabalhadores temporários poderão ter suas carteiras de trabalho assinadas permanentemente após o período festivo. Esse percentual, considerado elevado para o tipo de contratação, demonstra não apenas a necessidade imediata de mão de obra, mas também uma aposta dos empregadores na continuidade do aquecimento do mercado e na qualidade dos profissionais selecionados. Para muitos que buscam uma porta de entrada ou recolocação no mercado de trabalho, essa é uma oportunidade dourada de demonstrar seu potencial e garantir uma vaga fixa.
Otimismo com a queda de juros
Por trás desse cenário de otimismo e crescimento nas contratações, há uma expectativa econômica fundamental. O economista da CNC, Fábio Bentes, aponta que o entusiasmo do varejo está intrinsecamente ligado à previsão de uma queda na taxa de juros já no início do próximo ano. A redução dos juros é vista como um catalisador potente para o aquecimento do mercado de trabalho e, consequentemente, para a melhoria das condições de consumo em todo o país.
Bentes explica que o varejo, por ser uma atividade caracterizada pelo atendimento direto ao público, é diretamente impactado pelo poder de compra e pela confiança do consumidor. Com a expectativa de juros mais baixos, o acesso ao crédito se torna mais fácil e barato, incentivando o consumo e estimulando as vendas. “Se as vendas vão crescer, a contratação de temporários tende a crescer assim praticamente todos os anos”, afirma o economista, ressaltando a cyclicalidade positiva do setor. Além disso, a antecipação de que o varejo terá um “início de um processo de aceleração” em 2025, impulsionado pela esperada queda dos juros – que tem sido um dos principais freios das vendas ao longo de 2025 – é um fator decisivo. Um claro sintoma dessa aposta do varejo na melhora do ambiente econômico é a taxa de efetivação mais elevada projetada para este ano, indicando que as empresas estão dispostas a investir em sua força de trabalho a longo prazo.
Segmentos em destaque e a dinâmica das contratações
A distribuição das vagas temporárias e o foco das contratações revelam padrões interessantes sobre o comportamento do consumidor e a estrutura do varejo. Fábio Bentes enfatiza que os maiores volumes de admissões estão concentrados em dois segmentos específicos: hiper e supermercados, e vestuário. Juntos, esses setores são responsáveis por absorver 75% do total de trabalhadores temporários contratados para o período natalino.
A razão para essa concentração é estratégica. Diferente de segmentos como móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que dependem fortemente de condições de crédito favoráveis para impulsionar suas vendas de itens de maior valor, os hiper e supermercados e as lojas de vestuário não possuem uma dependência direta e tão acentuada do crédito ao consumidor. As compras nesses estabelecimentos são, em grande parte, de necessidades básicas e itens de consumo mais imediato, que continuam a ser adquiridos mesmo em cenários econômicos mais restritivos, embora com ajustes no volume e tipo de produtos. A demanda por alimentos, bebidas e roupas, especialmente para presentes de Natal, é robusta e constante, justificando a necessidade de um reforço significativo na equipe para garantir um atendimento eficiente e rápido aos clientes.
Oportunidade e efetivação no chão de loja
A comerciante Viviane Gadelha, proprietária de uma loja de roupas fitness, exemplifica a dinâmica do mercado. Ela reconhece o aumento da demanda por trabalho temporário e a esperança dos contratados em serem efetivados, principalmente para a função de vendedor. “A contratação temporária tem uma função importantíssima, visto que há uma quantidade enorme de clientes que querem agilidade ali na hora das compras”, afirma Gadelha, destacando a necessidade de um serviço ágil e de qualidade. Além da função operacional, o período temporário serve como um valioso teste. “Existe a possibilidade desse funcionário temporário ser efetivado, sim. Inclusive, a gente aguarda por isso, pois a gente consegue analisar essa pessoa, se ela se encaixa no perfil que buscamos para a empresa e, se ela se destacar, é efetivação garantida”, explica a comerciante, revelando a porta que se abre para talentos.
Histórias de sucesso reforçam essa perspectiva. Lucas de Oliveira Camelo, de 25 anos, iniciou como temporário em uma loja de material esportivo em um shopping de Brasília e, em março deste ano, teve sua carteira de trabalho assinada permanentemente. Ele atribui sua efetivação à pontualidade e dedicação. “Eu pedi essa oportunidade, tanto para a gerente quanto para o supervisor. Dias depois, eles me ligaram, me deram essa notícia de que tinha como, tinha vaga para eu poder ficar, e eu fiquei muito feliz”, relata Lucas, que desde então tem contribuído para o atingimento das metas da loja.
Outro exemplo é o de Ana Luiza de Souza Moreira, de 19 anos. Após três meses desempregada, ela conseguiu uma vaga temporária em um supermercado e agora nutre a esperança de ganhar experiência e ser efetivada. “Essa chance para o final do ano significa para mim muita coisa. Abre portas, para outras empresas, para outros trabalhos também ou para essa mesma empresa em que eu estou trabalhando”, compartilha Ana Luiza, determinada a se destacar e buscar a efetivação.
O salário médio mensal de admissão para os temporários neste Natal alcança R$ 1.983,54. Esse valor representa um aumento de 7,4% em comparação com o ano anterior, evidenciando não apenas a maior demanda, mas também uma valorização, ainda que modesta, da mão de obra temporária, tornando essas vagas ainda mais atrativas para quem busca uma oportunidade.
Conclusão
O cenário do varejo para este Natal é marcado por um otimismo palpável, impulsionado por um aumento nas vendas, mesmo que modesto, e um volume recorde de contratações temporárias. Mais de 100 mil novas vagas foram abertas, com uma projeção significativa de efetivação, refletindo a confiança do setor na recuperação econômica e na demanda dos consumidores. A expectativa de queda nas taxas de juros no próximo ano serve como um alicerce para essa visão positiva, prometendo aquecer ainda mais o mercado de trabalho e o poder de compra. Segmentos como hiper e supermercados e vestuário lideram as contratações, demonstrando sua resiliência e menor dependência do crédito. As histórias de trabalhadores como Lucas e Ana Luiza ilustram o valor dessas oportunidades temporárias como trampolins para o emprego formal e a construção de carreiras. Com um salário médio de admissão em ascensão, o trabalho temporário de Natal não é apenas uma solução para a demanda sazonal, mas também um importante motor para a inclusão e o desenvolvimento profissional no Brasil.
Perguntas frequentes
Qual o crescimento das vendas de Natal em relação ao ano anterior?
O comércio registrou um aumento de 2% nas vendas de Natal em comparação com o ano anterior, marcando uma recuperação e preparando o terreno para um aquecimento ainda maior.
Quantas vagas temporárias foram criadas e qual a expectativa de efetivação?
Foram criadas mais de 100 mil vagas temporárias para o Natal, um recorde na última década. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que mais de 12% desses trabalhadores temporários possam ser efetivados.
Quais segmentos do varejo mais contrataram temporários neste Natal?
Os segmentos de hiper e supermercados, juntamente com o de vestuário, foram os que mais contrataram, somando 75% do total de vagas temporárias. Essa concentração se deve à menor dependência do crédito e à demanda constante por produtos essenciais e presentes.
Por que a expectativa de queda de juros é importante para o varejo?
A queda dos juros tende a baratear o crédito, estimulando o consumo e o poder de compra dos consumidores. Para o varejo, isso significa um aquecimento nas vendas e no mercado de trabalho, criando um ciclo positivo de crescimento e investimento.
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