Pacientes que dependem de medicamentos de alto custo na região de Campinas, São Paulo, enfrentam um período de grave incerteza e interrupção em seus tratamentos vitais. Relatos de moradores da metrópole indicam que a ausência desses remédios essenciais já ultrapassa um mês, impactando diretamente a saúde e a qualidade de vida de milhares. Na cidade de Indaiatuba, a prefeitura identificou uma alarmante lista com ao menos 63 itens em falta, atingindo cerca de 4 mil pacientes. Essa situação gera grande apreensão, especialmente para aqueles com doenças crônicas e autoimunes que necessitam de acompanhamento e terapia contínua. Em resposta, o governo estadual, responsável pelo fornecimento, lamentou o ocorrido e prometeu uma reposição gradual dos estoques nas unidades da região nos próximos dias.
Crise nos tratamentos contínuos de alto custo
O impacto direto nos pacientes
A cabeleireira Viviane Cristina Rodrigues, portadora de artrite psoriática, é um dos muitos rostos da crise. Há mais de um mês, ela está sem receber as doses da vacina imunobiológica secuquinumabe, essencial para controlar sua condição. “É um direito nosso, da população, e a nossa saúde fica na mão do governo do Estado”, desabafa Viviane, ressaltando a impotência e o alto custo desses tratamentos, que seriam inviáveis sem o fornecimento público. O secuquinumabe, assim como outros imunobiológicos, atua diretamente no sistema imunológico para modular a doença, e sua interrupção pode levar a um agravamento significativo dos sintomas, com dores intensas, inchaço e perda de função articular. A falta desses medicamentos não apenas compromete a saúde física, mas também a estabilidade emocional e financeira dos pacientes, que se veem sem alternativas eficazes e acessíveis.
Riscos clínicos e a abrangência da escassez
A lista de medicamentos em falta na região é extensa e preocupante, incluindo fármacos como adalimumabe, fumarato de dimetila, interferon beta, natalizumabe, octreotida e secuquinumabe. Tais substâncias são cruciais no tratamento de uma vasta gama de doenças crônicas e autoimunes, como diabetes, glaucoma, esclerose múltipla e diversas artrites. Melina Pansonatto, diretora de Assistência Farmacêutica de Indaiatuba, detalha que “esses medicamentos que estão em falta estão atingindo, mais ou menos, uns 4 mil pacientes. Como é uma população bem grande, é um número bem grande de medicamentos para diabetes, glaucoma, esclerose, várias doenças que precisam ter um acompanhamento e tratamento contínuo”. A interrupção desses tratamentos acarreta riscos clínicos severos, desde o descontrole da doença e progressão de danos irreversíveis até a necessidade de hospitalizações de emergência, sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde e comprometendo a vida dos pacientes. A segurança e a continuidade da terapia são pilares para a manutenção da qualidade de vida e prevenção de complicações graves.
Ações municipais e a resposta do estado
Prefeituras cobram providências urgentes do governo estadual
Diante da gravidade da situação, as administrações municipais da região têm se manifestado e cobrado ativamente o governo do estado de São Paulo. Em Indaiatuba, a prefeitura oficializou uma notificação ao Estado, enviada por meio do Departamento Regional de Saúde (DRS) VII de Campinas. O pedido formal exige a “regularização urgente do fornecimento” e um “posicionamento formal sobre as medidas adotadas” para solucionar a escassez. A prefeitura da cidade chegou a listar publicamente 63 itens que estão em falta, demonstrando a dimensão do problema e a necessidade de uma resposta célere. Da mesma forma, em Sumaré, a administração municipal reforçou que “tem acompanhado de perto a situação e cobrado providências junto à Secretaria Estadual de Saúde para a normalização urgente do abastecimento”. As prefeituras enfatizam que “as irregularidades e os atrasos no envio provocam a interrupção de tratamentos essenciais, geram insegurança e prejuízos aos pacientes, além de representarem riscos clínicos”, buscando proteger seus cidadãos dos efeitos devastadores dessa carência.
O que diz a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica
Em nota oficial, a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF) do Estado de São Paulo expressou “lamento pelo ocorrido”. A CAF é o órgão responsável pela gestão e distribuição de medicamentos especializados no estado. De acordo com o comunicado, a Farmácia de Medicamentos Especializados (FME) de Campinas está passando por um processo de reabastecimento, com a “regularização total dos itens prevista para amanhã “. Para a FME de Piracicaba, a previsão de normalização completa dos estoques se estende até a próxima segunda-feira . As demais cidades afetadas, incluindo Limeira, Indaiatuba e Sumaré, serão “avisadas quanto à disponibilidade dos itens para retirarem os malotes”. Embora a promessa de reabastecimento seja um alívio para muitos, a gradualidade do processo ainda gera ansiedade entre os pacientes, que esperam que a normalização ocorra o mais breve possível para evitar maiores complicações em seus quadros de saúde.
Perspectivas para a normalização do fornecimento
A crise de abastecimento de medicamentos de alto custo na região de Campinas expõe a vulnerabilidade de pacientes que dependem do sistema público para manter sua saúde e qualidade de vida. Enquanto as prefeituras da região pressionam por soluções rápidas e definitivas, o governo estadual atua no reabastecimento gradual das Farmácias de Medicamentos Especializados. A promessa de normalização, embora bem-vinda, destaca a urgência de garantir que tais interrupções não se repitam, assegurando o direito fundamental à saúde da população. A continuidade do tratamento para doenças crônicas e autoimunes é inegociável, e a responsabilidade de mantê-la recai sobre as autoridades, que devem implementar mecanismos mais robustos para evitar futuras falhas na cadeia de suprimentos farmacêuticos e oferecer maior segurança aos cidadãos.
Perguntas frequentes sobre a falta de medicamentos
Quais medicamentos estão em falta na região de Campinas?
Os medicamentos em falta incluem imunobiológicos e outras substâncias essenciais para doenças crônicas e autoimunes, como adalimumabe, fumarato de dimetila, interferon beta, natalizumabe, octreotida e secuquinumabe. Em Indaiatuba, a lista abrange cerca de 63 itens diferentes.
O que as prefeituras da região estão fazendo para resolver a situação?
Prefeituras como as de Indaiatuba e Sumaré notificaram o governo do estado de São Paulo, por meio do Departamento Regional de Saúde (DRS) VII de Campinas e da Secretaria Estadual de Saúde, respectivamente, cobrando a regularização urgente do fornecimento e um posicionamento sobre as medidas adotadas.
Quando o governo do estado prevê a regularização do abastecimento?
A Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF) do Estado de São Paulo informou que o reabastecimento da FME de Campinas está previsto para “amanhã” , enquanto a FME de Piracicaba terá seus estoques regularizados até a “próxima segunda-feira” . Outras cidades serão avisadas sobre a disponibilidade dos itens.
Para mais informações sobre o impacto da falta de medicamentos na sua saúde ou para buscar orientações, entre em contato com a sua unidade de saúde ou secretaria municipal. Mantenha-se informado sobre os seus direitos.
Fonte: https://g1.globo.com
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