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Câmara inicia processo que pode cassar mandato de Eduardo Bolsonaro por faltas

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A presidência da Câmara dos Deputados, por meio do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou formalmente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre o início de um processo administrativo que pode culminar na perda do mandato parlamentar. A medida, de grande repercussão política, é motivada pelo significativo número de faltas não justificadas do parlamentar às sessões deliberativas da Casa, superando o limite estabelecido pela Constituição Federal. Desde o término de sua licença em julho, o deputado Eduardo Bolsonaro tem estado ausente, o que desencadeou esta ação disciplinar. Este processo sublinha a seriedade das obrigações de presença dos legisladores, colocando em xeque a continuidade de seu exercício parlamentar e provocando intensos debates sobre a representatividade dos mais de 700 mil votos recebidos.

Notificação e a fundamentação legal para a perda do mandato

A notificação oficial, emitida pela presidência da Câmara, marca um passo crucial no rito processual que visa a apurar a conduta do deputado Eduardo Bolsonaro. O documento, assinado por Hugo Motta, presidente da Câmara, informa ao parlamentar sobre a iminência de um decreto de perda do mandato, conforme o que prevê o parágrafo 3º do artigo 55 da Constituição Federal. Este dispositivo legal é claro ao estipular que a perda do mandato parlamentar pode ocorrer caso o deputado ou senador “deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões deliberativas da Casa, salvo licença ou missão por esta autorizada”.

O contexto das ausências e o rito processual

A situação de Eduardo Bolsonaro tornou-se crítica após o término de sua licença de 120 dias, iniciada em março deste ano. Durante esse período, o deputado esteve nos Estados Unidos com sua família, alegando perseguição política. No entanto, desde o dia 20 de julho, data em que sua licença expirou, o parlamentar não compareceu às sessões deliberativas da Câmara dos Deputados, acumulando faltas que, segundo a presidência, já excedem o limite constitucionalmente permitido. A notificação concede ao deputado um prazo de cinco dias úteis para apresentar sua manifestação escrita, um período vital para sua defesa no âmbito do processo administrativo. A regra visa a garantir a efetividade do trabalho legislativo e a responsabilização dos representantes eleitos perante seus eleitores e a nação, assegurando que o parlamentar cumpra suas atribuições de forma diligente.

A defesa de Eduardo Bolsonaro e suas alegações

Em resposta à notificação, o deputado Eduardo Bolsonaro manifestou-se publicamente, utilizando as redes sociais para criticar o processo que pode levar à cassação de seu mandato. Em suas declarações, o parlamentar alegou que o procedimento desrespeitaria a vontade de seus mais de 700 mil eleitores, classificando a possível cassação como a remoção de um “parlamentar inocente”. Ele reiterou a tese de que sua ausência no Brasil não se deve a uma escolha deliberada, mas sim a uma impossibilidade de retorno ao país, afirmando que essa situação implicaria o “bloqueio total do fim que me resta das minhas atividades parlamentares, que está na parte da diplomacia legislativa”.

Alegações de perseguição política e bloqueio de emendas

A justificativa para sua permanência no exterior está ligada à percepção de um ambiente político desfavorável no Brasil, onde ele alega ser alvo de perseguição. Além disso, em seu pronunciamento, o deputado dirigiu acusações ao Ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmando que suas emendas parlamentares estariam sendo bloqueadas, mesmo enquanto ele ainda detém o mandato. Essa alegação, se confirmada, levantaria questões sobre a interferência política em prerrogativas parlamentares, adicionando uma camada de complexidade às suas justificativas para a ausência prolongada. A defesa de Eduardo Bolsonaro, portanto, não se restringe à mera justificação das faltas, mas se insere em um contexto mais amplo de embate político e legal, que ele descreve como uma tentativa de cercear sua atuação parlamentar e desrespeitar o voto popular que o elegeu.

Controvérsias e o processo no Supremo Tribunal Federal

Paralelamente ao processo de perda do mandato na Câmara, o deputado Eduardo Bolsonaro enfrenta outras questões legais de alta relevância. Ele é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de coação, uma acusação que adiciona peso à sua já delicada situação política e jurídica. A denúncia partiu da Procuradoria-Geral da República (PGR) em setembro, no âmbito de um inquérito que investigou a atuação do parlamentar.

O deputado como réu em inquérito sobre pressão a autoridades

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A investigação apurou se Eduardo Bolsonaro teria exercido pressão sobre autoridades estadunidenses em relação a investigações ou julgamentos que envolviam seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. As alegações circundam episódios ligados a narrativas de tentativa de golpe de Estado e outras questões políticas sensíveis no Brasil. A PGR buscou determinar se houve conduta indevida por parte do deputado ao tentar influenciar processos ou decisões judiciais em outro país, o que poderia configurar o crime de coação. Esse desdobramento legal no STF, juntamente com o processo de perda do mandato por faltas, desenha um cenário de grande instabilidade para o futuro político do deputado federal, colocando em evidência a multiplicidade de desafios que ele enfrenta no sistema judicial e legislativo brasileiro e as implicações de suas ações e ausências.

O futuro político do deputado em xeque

O processo de perda do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro na Câmara dos Deputados representa um momento de inflexão para o parlamentar e para o próprio sistema legislativo. As acusações de faltas reiteradas, somadas às controvérsias judiciais no STF e suas próprias alegações de perseguição política, desenham um panorama complexo. A decisão final sobre a continuidade de seu mandato não apenas definirá o futuro de sua carreira política, mas também reiterará a importância da assiduidade parlamentar e da observância às normas constitucionais por parte dos representantes eleitos. Este episódio serve como um lembrete da responsabilidade inerente ao cargo público e das consequências do não cumprimento das obrigações regimentais.

Perguntas Frequentes

1. Qual é a base constitucional para a possível perda de mandato por faltas?
A base constitucional é o parágrafo 3º do artigo 55 da Constituição Federal, que estabelece que um deputado ou senador pode perder o mandato se “deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões deliberativas da Casa, salvo licença ou missão por esta autorizada”.

2. Quais são os próximos passos do processo administrativo na Câmara?
Após a notificação e a manifestação escrita (ou ausência dela) do deputado Eduardo Bolsonaro no prazo de cinco dias úteis, o processo será analisado pela Mesa Diretora da Câmara. Em caso de prosseguimento, pode haver a instauração de um procedimento formal que pode levar à votação sobre a cassação do mandato no plenário da Casa.

3. Quais são as acusações contra Eduardo Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF)?
Eduardo Bolsonaro é réu no STF pelo crime de coação. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o denunciou por supostamente ter exercido pressão sobre autoridades nos Estados Unidos, em um inquérito que apurava a atuação do parlamentar em relação a investigações ou julgamentos que envolviam seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em meio a alegações de tentativa de golpe de Estado.

Mantenha-se informado sobre os desdobramentos deste processo crucial e a atuação dos parlamentares em Brasília, acompanhando as notícias e análises sobre a política nacional.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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