© Arquimedes Santos/Prefeitura de Olinda

Olinda sedia 30º Encontro de Cavalo-Marinho com homenagem

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Olinda, Pernambuco, prepara-se para acolher a 30ª edição do tradicional Encontro Nacional de Cavalo-Marinho, um dos mais emblemáticos folguedos do período natalino na região. Marcado para o dia 25 de dezembro, a partir das 18h, na histórica Casa da Rabeca, localizada na Cidade Tabajara, o evento promete ser uma celebração vibrante da cultura popular pernambucana. Neste ano, a festividade ganha um significado especial ao prestar uma merecida homenagem ao seu fundador, o icônico músico rabequeiro, artesão e produtor cultural Mestre Salustiano. A celebração não apenas perpetua a memória de um dos maiores nomes da cultura local, mas também reafirma a riqueza e a vitalidade de uma tradição que atravessa gerações.

A celebração do Cavalo-Marinho e o legado de Mestre Salustiano

O Encontro Nacional de Cavalo-Marinho, em sua trigésima edição, solidifica-se como um pilar fundamental no calendário cultural de Pernambuco. Mais do que um mero espetáculo, é um elo que conecta o passado, o presente e o futuro da arte popular, com suas raízes profundamente fincadas nas tradições rurais e na fé natalina. A escolha do dia 25 de dezembro e a temática do Cavalo-Marinho, uma variação do bumba-meu-boi que encena um auto de Natal em homenagem aos Reis Magos, reforçam o caráter sacro-profano da manifestação, em que a religiosidade se entrelaça com a teatralidade e a musicalidade.

Neste ano, a programação é inteiramente dedicada à memória e à obra de Mestre Salustiano. Se estivesse vivo, o artista completaria 80 anos em 2025, um marco que sublinha a longevidade e a perenidade de sua influência. Falecido em 2008, Mestre Salustiano foi reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco, um título que atesta seu papel inestimável na preservação e na inovação das manifestações culturais do estado. Sua visão e seu incansável trabalho foram essenciais para a criação de diversos grupos de folguedo que hoje são referências da cultura pernambucana, perpetuando ritmos, danças e narrativas que definem a identidade local.

A continuidade de uma herança cultural através da família

A herança cultural de Mestre Salustiano é um testemunho da paixão e do comprometimento com a cultura popular. Segundo Pedro Salustiano, filho do mestre e também produtor cultural, o pai era um espírito “muito inquieto”, sempre impulsionado pela vontade de criar e disseminar novos grupos de folguedo. Essa efervescência criativa resultou na fundação de instituições e manifestações que se tornaram pedras angulares da cultura pernambucana. Entre suas criações, destacam-se a Ciranda Nordestina, fundada na década de 1960; o Cavalo Marinho Boi Matuto de Olinda; o Mamulengo Alegre; a Casa da Rabeca, que sedia o evento; o Maracatu Piaba de Ouro; o espaço da Ilumiara Zumbi; e a Associação dos Maracatus de Baque Solto.

A família Salustiano assume a missão de dar continuidade a esse vasto legado. Pedro Salustiano ressalta a importância da transmissão desses saberes, que ele descreve como uma “faculdade” e uma “missão de vida”. É através dos terreiros, das sambadas e dos encontros que esses conhecimentos são passados de geração em geração, garantindo que a chama da tradição continue acesa. A reestreia da Ciranda Nordestina, com a participação de filhos e netos do mestre, é um exemplo contundente dessa dedicação. Essa iniciativa não só resgata uma das primeiras criações de Salustiano, em parceria com Mestre Antônio Baracho nos anos 1970, mas também demonstra como a família se empenha em manter viva a essência criativa e comunitária que Mestre Salustiano tão fervorosamente cultivou.

A riqueza das apresentações e a diversidade dos folguedos

O Encontro Nacional de Cavalo-Marinho se destaca pela diversidade e pela autenticidade de suas apresentações. Com acesso gratuito, o evento reúne brincantes de alguns dos mais renomados grupos de folguedo do estado, oferecendo ao público uma imersão completa na riqueza da cultura popular. Entre os participantes confirmados para esta edição estão o Boi Matuto, de Olinda, criado em 1968 por Mestre Salustiano e hoje mantido com dedicação por seus filhos e netos, demonstrando a força da continuidade familiar.

Além do Boi Matuto, o palco da Casa da Rabeca receberá o Boi da Luz, também originário de Olinda, e o Boi Estrela, vindo do Recife, cada um trazendo suas particularidades e interpretações do folguedo. A já mencionada Ciranda Nordestina fará sua reestreia, prometendo emocionar com a participação das novas gerações da família Salustiano, em um resgate que celebra a história e o futuro da ciranda pernambucana. Completam a programação os grupos Flor de Manjerona e o Samba de Coco Cachoeira da Onça, que, com suas performances, enriquecem ainda mais o mosaico cultural do encontro. Essas apresentações não são apenas entretenimento, mas sim manifestações vivas que reforçam a identidade cultural e a coesão comunitária.

O Cavalo-Marinho: Alma do folguedo natalino em Pernambuco

O Cavalo-Marinho é um folguedo singular e intrinsecamente ligado à identidade cultural da zona rural pernambucana, especialmente no período natalino. Trata-se de uma variação do bumba-meu-boi, que se distingue por sua complexidade cênico-musical. A brincadeira do Cavalo-Marinho é uma fusão de diversas linguagens artísticas, englobando elementos de dramaturgia, dança e performance improvisada, tudo isso embalado por uma rica sonoridade que inclui a rabeca, o pandeiro, a caixa e outros instrumentos percussivos.

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Os brincantes, utilizando uma série de personagens fixos, como o Boi, o Mateus e a Catirina, encenam um auto de Natal que não apenas celebra o nascimento de Jesus, mas também presta homenagem aos Reis Magos, figuras centrais na tradição cristã natalina por sua visita e presentes ao menino. Para além da narrativa religiosa, o Cavalo-Marinho serve como um poderoso veículo para a atualização de conhecimentos comunitários, a encenação de relações sociais e a reafirmação de sistemas simbólicos que são transmitidos oralmente e de forma prática através das gerações. É uma forma de expressão que, em cada apresentação, reconecta a comunidade com suas raízes, seus valores e sua própria história, mantendo viva uma tradição artística e espiritual.

Um patrimônio vivo que se renova

O 30º Encontro Nacional de Cavalo-Marinho em Olinda transcende a celebração de um evento pontual; ele representa a resiliência e a capacidade de renovação de um patrimônio cultural vivo. A homenagem a Mestre Salustiano não é apenas um tributo póstumo, mas um reconhecimento contínuo de sua visão e de sua dedicação em criar e sustentar as bases de uma rica expressão artística. A Casa da Rabeca, palco dessas manifestações, torna-se um epicentro onde o passado se encontra com o presente, e onde a família Salustiano, ao lado de outros grupos, reafirma o compromisso de transmitir esses saberes ancestrais às futuras gerações. Este encontro anual é um lembrete vívido da força da cultura popular pernambucana, sua capacidade de unir pessoas e de preservar a identidade de um povo através da arte, da música e da celebração coletiva.

Perguntas frequentes

Onde e quando acontece o Encontro Nacional de Cavalo-Marinho?
O evento acontece no dia 25 de dezembro, a partir das 18h, na Casa da Rabeca, localizada na Cidade Tabajara, em Olinda, Pernambuco.

Quem é Mestre Salustiano e por que ele é homenageado?
Mestre Salustiano foi um renomado músico rabequeiro, artesão e produtor cultural, fundador do Encontro Nacional de Cavalo-Marinho. Reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco, ele é homenageado nesta edição por sua vasta contribuição à cultura popular e por seu legado que, em 2025, o faria completar 80 anos.

O que é o folguedo do Cavalo-Marinho?
O Cavalo-Marinho é uma variação do bumba-meu-boi, um folguedo cênico-musical da zona rural pernambucana. Ele integra dramaturgia, dança e performance improvisada, encenando um auto de Natal com personagens como o Boi, Mateus e Catirina, em homenagem aos Reis Magos.

Quais grupos se apresentam gratuitamente no evento?
A 30ª edição contará com as apresentações gratuitas dos grupos Boi Matuto (Olinda), Boi da Luz (Olinda), Boi Estrela (Recife), Ciranda Nordestina, Flor de Manjerona e Samba de Coco Cachoeira da Onça.

Não perca a chance de vivenciar essa celebração cultural única e mergulhar nas profundezas das tradições pernambucanas. Participe do Encontro Nacional de Cavalo-Marinho e seja parte dessa história viva!

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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