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PF revela estreita relação entre desembargador preso e ex-presidente da Alerj

ANUNCIO COTIA/LATERAL

A Polícia Federal (PF) trouxe à tona detalhes de uma estreita relação entre o desembargador Macário Ramos Judice Neto, detido recentemente, e Rodrigo Bacellar, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). As investigações apontam para uma ligação que vai além do profissional, com indícios de troca de favores e, potencialmente, de obstrução da justiça. O cerne da apuração gira em torno de suspeitas de que Neto teria vazado informações sigilosas sobre a Operação Zargun, que culminou na prisão do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silvas, conhecido como TH Jóias, para Bacellar. Essa conexão levanta sérias questões sobre a integridade de processos judiciais e a conduta de agentes públicos envolvidos em cargos de alta responsabilidade.

A teia de relações e as evidências da PF

A investigação da Polícia Federal, detalhada em representações judiciais, baseia-se em interceptações telefônicas do celular de Rodrigo Bacellar. O material compilado revela uma série de interações que sugerem um vínculo de amizade profunda entre ele e o desembargador Macário Ramos Judice Neto. As evidências apontam para uma proximidade incomum para figuras com o grau de influência de ambos, especialmente em um contexto de investigações criminais de alta complexidade.

As conversas interceptadas

As mensagens anexadas à representação da PF demonstram a natureza íntima da relação. Bacellar e Neto referem-se um ao outro como “irmão” em múltiplas ocasiões, chegando a expressar “amor” mútuo em certas comunicações. Além dos termos afetuosos, as conversas revelam um interesse pessoal pela vida um do outro, como quando Neto questiona sobre o estado de saúde do pai de Bacellar. Essa intimidade se estendeu a pedidos pessoais, como ingressos para um jogo do Flamengo, solicitados pelo desembargador ao político, evidenciando uma dinâmica de favorecimento e conveniência mútua que a PF considera relevante para as investigações.

Indicação e encontros sigilosos

A teia de conexões se adensa com a revelação de que a esposa do desembargador Macário Ramos Judice Neto foi nomeada para um cargo em comissão na Alerj, por indicação direta de Rodrigo Bacellar, então presidente da casa legislativa. Esse fato, por si só, já aponta para uma troca de favores que pode configurar conflito de interesses. Contudo, a investigação da Polícia Federal foi além, identificando um encontro crucial entre Bacellar e Neto em uma churrascaria na noite de 2 de setembro, um dia antes da prisão de TH Jóias. Os investigadores suspeitam que foi nesse encontro que Bacellar, alertado pelo desembargador, teria repassado informações sobre a operação iminente para o ex-deputado. Como prova, a PF anexou mensagens trocadas por Bacellar com outros contatos, confirmando sua presença na churrascaria com o desembargador naquela noite, reforçando a tese de um vazamento deliberado de informações.

Obstrução de justiça

Para a Polícia Federal, a estreita relação entre Macário Ramos Judice Neto e Rodrigo da Silva Bacelar não é apenas uma amizade, mas um fator com “impacto relevante no prosseguimento das investigações policiais em face das organizações criminosas”, caracterizando a prática de obstrução de justiça. Essa grave acusação foi explicitada na representação que fundamentou a sentença judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou na prisão de Neto. A defesa do desembargador, por meio do advogado Fernando Fernandes, contesta veementemente as acusações, classificando-as como inverídicas e anunciando que buscará a soltura imediata do seu cliente, argumentando que não há provas concretas que sustentem as alegações da PF.

O contexto da Operação Zargun e desdobramentos

A prisão do desembargador Macário Ramos Judice Neto está intrinsecamente ligada aos desdobramentos da Operação Zargun, deflagrada em setembro. Essa operação, que visa desarticular organizações criminosas e investigar a atuação de agentes públicos, tem revelado uma complexa rede de influências e ilicitudes no cenário político e judicial do Rio de Janeiro.

A prisão de TH Jóias

A Operação Zargun teve como alvo principal o então suplente de deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silvas, conhecido como TH Jóias. Ele foi preso sob a acusação de manter ligações com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), atuando, entre outras coisas, na intermediação de compra e venda de armas. Sua prisão resultou na perda do cargo na Alerj, que havia assumido como suplente, com o retorno do deputado titular. A Operação Zargun trouxe à tona o uso de influência política para favorecer atividades criminosas, gerando grande impacto na opinião pública e nas esferas de poder.

O envolvimento de Rodrigo Bacellar

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No início de dezembro, com base em novas mensagens interceptadas no telefone de TH Jóias, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a prisão do então presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. Ele foi acusado de ter passado informações sobre a Operação Zargun para TH Jóias e de tê-lo auxiliado a ocultar provas. Bacellar permaneceu detido por cinco dias, mas sua prisão foi revogada pela própria Alerj, um movimento que gerou polêmica e debates sobre a autonomia e a fiscalização dos poderes. No dia seguinte à sua soltura, ele solicitou licença de dez dias de seu cargo, em meio à repercussão do caso.

Medidas cautelares

Apesar da revogação da prisão, o ministro Alexandre de Moraes impôs a Rodrigo Bacellar uma série de medidas cautelares para garantir o prosseguimento das investigações e evitar a reincidência das supostas infrações. Entre as restrições, estão o uso de tornozeleira eletrônica, a obrigatoriedade de recolhimento domiciliar noturno e aos fins de semana, a proibição de se comunicar com outros investigados no processo, a suspensão do porte de arma e a entrega de seu passaporte às autoridades. Essas determinações visam limitar sua capacidade de interferir nas investigações enquanto o processo judicial segue seu curso.

Conclusão

As revelações da Polícia Federal sobre a estreita relação entre o desembargador Macário Ramos Judice Neto e Rodrigo Bacellar desenham um cenário preocupante de possível obstrução de justiça e uso indevido de influência. A Operação Zargun e seus desdobramentos continuam a expor fragilidades e desafios no combate à corrupção e ao crime organizado, especialmente quando há suspeita de envolvimento de figuras de destaque no sistema judicial e político. O caso, sob a lupa do STF, reforça a necessidade de transparência e rigor na apuração de condutas que comprometam a confiança nas instituições. A defesa de Neto, por sua vez, promete lutar pela inocência do desembargador, enquanto a sociedade aguarda as próximas etapas desse complexo processo investigativo e judicial.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Quem são os principais envolvidos nesta investigação?
Os principais envolvidos são o desembargador Macário Ramos Judice Neto, o ex-presidente da Alerj Rodrigo Bacellar, e o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silvas, conhecido como TH Jóias.

Qual a principal acusação contra o desembargador Macário Ramos Judice Neto?
A principal acusação contra o desembargador Macário Ramos Judice Neto é a de vazar informações sigilosas da Operação Zargun para Rodrigo Bacellar, caracterizando obstrução de justiça, devido à sua estreita relação com o político.

O que é a Operação Zargun e quem era seu alvo inicial?
A Operação Zargun é uma ação da Polícia Federal que investiga a atuação de organizações criminosas, tendo como alvo inicial o ex-deputado estadual TH Jóias, acusado de ligação com o Comando Vermelho e intermediação de venda de armas.

Quais foram as consequências para Rodrigo Bacellar após as acusações?
Rodrigo Bacellar foi preso por cinco dias, teve sua prisão revogada pela Alerj, e hoje cumpre medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar e afastamento da presidência da Alerj.

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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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