O estado de São Paulo registrou o segundo caso de sarampo este ano, acendendo um alerta para a vigilância epidemiológica e a importância da imunização. Um homem de 27 anos, residente da capital paulista e sem histórico vacinal, foi diagnosticado com a doença após uma viagem internacional. Ele já recebeu atendimento e teve alta. Este novo incidente segue um primeiro caso detectado em abril, também em um morador da capital. Ambos os casos são classificados como importados, sem evidência de transmissão local do vírus no território paulista. A situação reforça a necessidade contínua de altas coberturas vacinais para conter a reemergência de uma doença altamente contagiosa que já causou grandes surtos.
Detalhes do caso em São Paulo e o cenário nacional
A reemergência de casos importados
Este segundo diagnóstico de sarampo em São Paulo eleva o total de casos confirmados no estado para dois em 2025. O paciente, um homem de 27 anos, morador da capital, não possuía registro de vacinação contra a doença e havia retornado de uma viagem ao exterior antes de apresentar os sintomas. Após receber os cuidados médicos necessários, sua condição de saúde permitiu a alta hospitalar. O primeiro caso do ano, igualmente registrado na capital paulista em abril, também envolvia um viajante.
A natureza “importada” desses casos é crucial: significa que o vírus foi adquirido fora do território nacional, sem que houvesse transmissão sustentada dentro do Brasil. Contudo, cada caso importado representa um risco potencial de disseminação, especialmente em comunidades com baixa cobertura vacinal, onde o vírus pode encontrar terreno fértil para se propagar. A rápida identificação e isolamento são essenciais para evitar surtos secundários.
Em nível nacional, o panorama do sarampo também requer atenção. Entre janeiro e novembro deste ano, um total de 37 casos foram confirmados em todo o Brasil. Assim como os registros paulistas, todos esses diagnósticos foram de natureza importada, reforçando a ausência de transmissão endêmica do vírus em solo brasileiro, um fator essencial para a manutenção da certificação de país livre da circulação do vírus. Esse cenário, embora não indique uma transmissão ativa no país, demonstra a constante ameaça que a circulação global do vírus representa para a saúde pública interna.
O sarampo: uma ameaça altamente contagiosa e seus riscos
Compreendendo a doença e suas complicações
O sarampo é uma doença infecciosa aguda, grave e de alta contagiosidade, causada por um vírus da família Paramyxoviridae. Antes da vacinação em massa, era uma das principais causas de mortalidade infantil em todo o mundo. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, principalmente por via aérea, através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou até mesmo respirar próximo a um indivíduo infectado. A capacidade de contágio é notável: estima-se que um paciente com sarampo possa transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não possuem imunidade.
Os sintomas iniciais incluem febre alta, geralmente acima de 38,5°C, acompanhada de tosse persistente, conjuntivite (olhos vermelhos e lacrimejantes), coriza (nariz escorrendo) e mal-estar intenso. Alguns dias após o início desses sintomas, surgem as características manchas vermelhas na pele, que geralmente começam no rosto e atrás das orelhas, espalhando-se progressivamente pelo restante do corpo.
Embora em muitos casos o sarampo tenha um curso benigno, as complicações podem ser extremamente graves e, por vezes, fatais. Entre as mais comuns estão diarreia intensa, que pode levar à desidratação; infecções de ouvido (otite média), que podem resultar em perda auditiva; pneumonia (infecção pulmonar), uma das principais causas de óbito; e encefalite (inflamação do cérebro), que pode levar a danos neurológicos permanentes, convulsões ou à morte. A cegueira também é uma complicação possível, especialmente em crianças desnutridas. A vacinação é a forma mais eficaz e segura de prevenir o sarampo e suas potenciais consequências devastadoras.
Histórico de certificações e a luta contra a reemergência
O panorama das Américas e o status do Brasil
A trajetória do Brasil em relação ao sarampo tem sido marcada por avanços significativos e, infelizmente, por desafios recorrentes. Em 2016, o país alcançou um marco histórico ao receber a certificação da eliminação do vírus causador da doença, um reconhecimento de que a transmissão endêmica havia sido interrompida em seu território. Nos anos de 2016 e 2017, nenhum caso endêmico foi confirmado, consolidando esse sucesso.
Contudo, em 2018, a situação reverteu-se drasticamente. Impulsionado por grandes fluxos migratórios associados a quedas nas coberturas vacinais em diversas regiões do país, o vírus voltou a circular de forma endêmica. Como consequência, em 2019, o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”, após registrar mais de 21,7 mil casos, evidenciando a fragilidade da imunidade coletiva diante da reintrodução do patógeno.
A persistente campanha de vacinação e as ações de saúde pública surtiram efeito novamente nos anos seguintes. Em junho de 2022, o último caso endêmico de sarampo no Brasil foi detectado no estado do Amapá. Este progresso permitiu que, em novembro de 2024, o Brasil fosse novamente certificado por órgãos de saúde internacionais como livre da circulação endêmica do vírus, mesmo com o registro contínuo de casos importados. A certificação é mantida enquanto não houver evidências de transmissão sustentada do vírus em território nacional por pelo menos um ano, demonstrando a capacidade do país de conter a propagação local.
No entanto, o cenário regional nas Américas é mais complexo e preocupante. Em novembro de 2024, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) anunciou a perda da verificação de área livre da transmissão endêmica do sarampo para toda a região. A intensificação da circulação do vírus na região das Américas é alarmante: até 7 de novembro de 2025, foram confirmados 12.596 casos de sarampo em dez países do continente, resultando em 28 óbitos. A maior parte desses casos foi registrada no México e, de forma preocupante, 89% ocorreram em pessoas não vacinadas ou com status vacinal desconhecido, evidenciando a correlação direta entre baixa cobertura vacinal e a vulnerabilidade a surtos e à reintrodução da doença.
A vacinação como estratégia fundamental de saúde pública
A reemergência de casos de sarampo em São Paulo e o cenário de aumento da doença nas Américas sublinham a importância inquestionável da vacinação. A imunização é a ferramenta mais potente e comprovadamente eficaz para prevenir a circulação do vírus, proteger indivíduos e comunidades, e evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde. Manter altas taxas de cobertura vacinal, idealmente acima de 95%, é crucial para garantir a chamada “imunidade de rebanho”, onde a proteção de uma grande parcela da população protege indiretamente aqueles que não podem ser vacinados (como bebês muito novos, gestantes ou pessoas com certas condições de saúde).
A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é segura, altamente eficaz e faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. O esquema vacinal recomendado para crianças inclui uma dose aos 12 meses de idade e um reforço aos 15 meses. Para adultos não vacinados ou com status vacinal incerto, a consulta a um profissional de saúde é fundamental para verificar a necessidade de imunização, especialmente para aqueles que planejam viajar para regiões com alta circulação do vírus. A adesão rigorosa aos cronogramas de vacinação é um pilar da saúde pública e um ato de responsabilidade coletiva.
Perguntas frequentes sobre o sarampo
FAQ
1. O que é o sarampo e como ele é transmitido?
O sarampo é uma doença infecciosa grave e altamente contagiosa, causada por um vírus. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por via aérea, através de gotículas de saliva expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar, podendo infectar pessoas próximas que não estejam imunizadas.
2. Quais são os principais sintomas do sarampo e suas complicações?
Os sintomas incluem febre alta (acima de 38,5°C), tosse persistente, conjuntivite (olhos vermelhos e lacrimejantes), coriza (nariz escorrendo) e manchas vermelhas na pele que surgem após alguns dias, começando no rosto e se espalhando. As complicações podem ser graves, como diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia, encefalite (inflamação do cérebro) e até cegueira, podendo ser fatais em alguns casos.
3. Por que a vacinação contra o sarampo é tão importante?
A vacinação é a principal e mais eficaz forma de prevenção contra o sarampo e suas complicações. Ela protege o indivíduo da doença e contribui para a imunidade coletiva (imunidade de rebanho), que impede a circulação do vírus e protege indiretamente aqueles que não podem ser vacinados, como bebês e imunocomprometidos.
4. O Brasil ainda é considerado uma área livre de sarampo?
Sim, o Brasil mantém a certificação internacional de país livre da circulação endêmica do vírus do sarampo. Isso significa que não há transmissão sustentada do vírus em território nacional. Os casos registrados são considerados importados, ou seja, adquiridos por pessoas que viajaram para o exterior.
Mantenha-se protegido: a vacinação é a chave para a saúde pública
A confirmação de novos casos de sarampo em São Paulo e o aumento da incidência da doença nas Américas servem como um lembrete contundente da vulnerabilidade de nossas comunidades quando as coberturas vacinais declinam. A vigilância epidemiológica e a ação individual são cruciais para proteger a saúde coletiva. A população deve estar atenta ao seu cartão de vacinação e garantir que ela e seus familiares estejam com as doses da vacina tríplice viral em dia. A erradicação de doenças preveníveis por vacinação é um esforço contínuo que depende da participação e do engajamento de todos. Proteger-se é proteger a todos.
Não espere para agir! Verifique seu cartão de vacinação e o de sua família. Caso haja dúvidas ou doses pendentes da vacina contra o sarampo, procure a unidade de saúde mais próxima e garanta sua imunização. A prevenção salva vidas.
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