Estudo recente revela um cenário de ampla e irrestrita utilização de inteligência artificial (IA) por alunos e professores do ensino médio em escolas públicas e privadas nas capitais de São Paulo e Pernambuco. A pesquisa, de caráter qualitativo, investigou os “usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro” e foi conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Dados anteriores já apontavam para uma crescente adesão à IA no ambiente escolar. Uma pesquisa divulgada em setembro pelo Cetic.br indicava que 70% dos estudantes do ensino médio (aproximadamente 5,2 milhões) e 58% dos professores já utilizavam ferramentas de IA generativa em suas atividades escolares.
A coordenadora da pesquisa, Graziela Castello, descreveu o uso como “quase selvagem”, abrangendo desde a simples busca por definições até o auxílio em tarefas complexas, suporte emocional e até mesmo aconselhamento. Os alunos relatam utilizar a IA para pesquisas, resumos, resolução de tarefas e como uma espécie de “terapeuta” ou “conselheiro”.
Professores também utilizam intensamente a IA generativa para o planejamento de aulas e como apoio pedagógico. No entanto, um ponto convergente entre alunos e professores é a ausência de mediação, orientação, supervisão ou regulamentação por parte das escolas ou outras instituições. Ambos os grupos expressam o desejo de obter informações sobre como utilizar a IA de forma ética, segura e sem riscos.
O estudo aponta para a necessidade urgente de regulamentação, protocolos e políticas que ofereçam diretrizes para o uso seguro da IA, além de investimentos em formação para capacitar professores e alunos. A regulação é vista como uma forma de estabelecer normas e orientações claras sobre o que fazer e o que evitar ao explorar esse universo.
Apesar do entusiasmo com a IA, os alunos manifestam preocupações, como o medo de perder habilidades, de se tornarem dependentes da tecnologia, de não conseguirem exercer a criatividade e de perderem a identidade. Há um receio de que o processo de aprendizado se torne excessivamente “pasteurizado”, eliminando nuances importantes.
Os professores também reconhecem o potencial da IA para otimizar tarefas e personalizar o aprendizado, mas expressam preocupação com a falta de orientação e a dificuldade em mediar o uso da tecnologia pelos alunos. Muitos acreditam que o uso indiscriminado da IA pelos estudantes tem limitado sua capacidade de aprendizado, prejudicado a redação e a linguagem, além de reforçar a dependência emocional.
A pesquisa também revela desigualdades no acesso à infraestrutura entre alunos de escolas públicas e privadas. Estudantes de escolas privadas têm maior acesso a computadores em casa, o que facilita o uso da IA. Já aqueles que dependem exclusivamente de dispositivos móveis enfrentam maiores dificuldades. A existência de serviços pagos e gratuitos também contribui para a desigualdade de oportunidades.
A adoção segura da IA e a criação de políticas públicas para orientar seu uso devem ser precedidas pelo letramento, ou seja, pela educação de alunos e professores sobre o funcionamento dessas ferramentas. Outras preocupações importantes incluem a adaptação da IA ao contexto brasileiro e o desenvolvimento de um pensamento crítico para que os estudantes possam checar as informações recebidas e evitar a reprodução de erros e vieses presentes nas tecnologias.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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