O cenário musical brasileiro se despede de Jards Macalé, figura emblemática e transgressora da MPB, que faleceu nesta segunda-feira (17) aos 82 anos. O artista estava internado em um hospital no Rio de Janeiro. A notícia da morte foi divulgada por meio das redes sociais do músico.
Carioca da Tijuca, Macalé iniciou sua trajetória na década de 1960 e mantinha-se ativo, com shows agendados para o mês de dezembro. Compositor, arranjador, cantor e violonista, ele era conhecido como um “maldito” da MPB, por sua recusa em ceder às pressões comerciais da indústria fonográfica. Sua postura vanguardista o impulsionou a explorar novas expressões musicais, sem receio de experimentação e reinvenção.
Ao longo de sua carreira, Macalé teve composições interpretadas por nomes como Nara Leão, Gal Costa e Elizeth Cardoso. Desempenhou o papel de diretor musical no álbum “Transa”, de Caetano Veloso. Em 1973, desafiou a ditadura militar com o show “O Banquete dos Mendigos”, uma celebração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Sua produção musical continuou vibrante nos últimos anos. Em 2022, lançou o disco “Síntese do Lance”, em parceria com João Donato. Em 2023, aos 80 anos, apresentou o álbum “Coração Bifurcado”. Seu último registro foi o single “Um abraço do João”, em homenagem a João Gilberto, gravado com Joyce Moreno no ano passado.
Em uma entrevista concedida à TV Brasil em 2023, Macalé, com seu característico humor refinado, compartilhou sua visão sobre a “arte de não morrer”, em referência a uma música de seu último trabalho: “Experimental mesmo. E arte é feita para experimentar, é para arriscar qualquer coisa que você tenha vontade de fazer e que não seja o óbvio.”
O presidente Lula expressou suas condolências nas redes sociais, recordando a convivência com Jards na luta pela redemocratização e destacando seu talento e arte como instrumentos de resistência contra o autoritarismo.
O Ministério da Cultura também emitiu uma nota manifestando profundo pesar pela morte do músico, ressaltando sua importância fundamental para a música brasileira e seu papel incontornável na vanguarda cultural do país. A pasta afirmou que a contribuição de Jards Macalé para a arte brasileira permanece como um patrimônio imaterial, vivo e inspirador.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
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