Saída de França da disputa pelo governo de SP pode beneficiar indiretamente Rodrigo Garcia, dizem analistas

A saída de Márcio França (PSB) da corrida pelo governo de São Paulo pode beneficiar indiretamente Rodrigo Garcia (PSDB) no pleito de outubro, segundo analistas políticos ouvidos pelo InfoMoney. O desafio do atual governador é a disputa de votos com o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“O perfil do Márcio França é um perfil mais centrista que o perfil do Fernando Haddad. Um perfil que agradaria mais, por exemplo, parte do interior que não tolera ou de alguma forma tem uma rejeição alta ao petismo. E isso, portanto, abre um espaço muito forte para que o Rodrigo Garcia cresça. E a gente tem observado que as últimas pesquisas demonstram exatamente isso”, disse Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper.

Levantamento Genial/Quaest divulgado na semana passada mostra o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) com 35% das intenções de voto no primeiro turno, no cenário sem Márcio França. Em seguida, Tarcísio tem 14% e Garcia, 12%. A pesquisa foi realizada entre os dias 1 e 4 de julho de 2022, com 1.640 eleitores do estado de São Paulo, em entrevistas domiciliares e presenciais.

O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitotal (TSE) sob os códigos SP-05318/2022 e BR-03964/2022. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para cima ou para baixo. O índice de confiança é de 95% — o que significa que se a pesquisa fosse realizada 100 vezes, em 95 delas o resultado ficaria dentro da margem de erro.

“Imaginando o Rodrigo Garcia alcançando o segundo turno contra qualquer um dos dois oponentes, seja o Tarcísio, seja o Haddad, ele ganha automaticamente o apoio do outro lado, e para ele é uma volta mais tranquila. O grande desafio dele é chegar a esse segundo turno, portanto deixar para trás um dos dois candidatos”, completou Consentino.

França anunciou sua retirada da disputa pelo governo de São Paulo no último fim de semana. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, ele disse que já estava comprometido a apoiar o candidato que estivesse mais bem colocado nas pesquisas. “Fernando, vai você, vamos juntos”, afirmou.

O movimento já era esperado e vinha sendo costurado pelas lideranças do PT e do PSB, que buscavam uma candidatura única em São Paulo para ser apoiada pela chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSD) como vice.

Na visão de Vitor Oliveira, cientista político e sócio-diretor da consultoria Pulso Público, a convergência da esquerda numa chapa única em São Paulo pressiona a direita a fazer o mesmo. Assim, o desafio de Garcia é lidar com a disputa de votos com Tarcísio, enquanto ambos, por ora, não querem abrir mão de suas candidaturas.

“Isso força o Tarcísio e o Rodrigo a também disputarem a consolidação do lado da direita, porque reduz demais a chance de que os dois cheguem ao segundo turno”, diz. “Antecipa para o primeiro turno uma disputa que ficaria para o segundo turno. Isso tende a polarizar ainda mais a disputa.”

“Embora o Rodrigo Garcia não se assuma como um candidato de direita, ele obviamente está brigando pelos votos desse eleitor. [Essa disputa entre Garcia e Tarcísio por votos da direita] pode ajudar o Haddad a não apanhar tanto no primeiro turno e chegar ao segundo turno com uma rejeição menor”, completou Oliveira.

Pensando na questão da rejeição, a avaliação do cientista político é de que, do ponto de vista da campanha do Haddad, talvez o Tarcísio seja o melhor candidato para enfrentar em um eventual segundo turno. “Por conta da disputa de rejeições. O Tarcísio meio que está fugindo da associação dele ao Bolsonaro, mas vai ser inevitável isso acontecer. E ao mesmo tempo o Haddad vai ficar muito associado ao Lula”, disse.

“Então, a gente vai ter também uma disputa por rejeição no segundo turno. E o Rodrigo Garcia, nesse cenário, com o Doria saindo de cena, e ele correndo sozinho numa raia que existe em São Paulo, que é a raia do tucanismo, ele acaba tendo uma rejeição muito baixa. Ele não é um cara muito carismático, mas tem algo que agrada muito o eleitor de São Paulo, que é um perfil parecido ao de Alckmin, mais pé no chão, não aparece muito, fama de trabalhador”, completou.

No geral, a avaliação dos especialistas é de que os dois principais candidatos à Presidência da República, Lula e Bolsonaro, vão focar seus esforços no apoio aos seus candidatos em São Paulo, por ser uma zona eleitoral bastante importante. “O Tarcísio, de uma certa forma, o quanto ele vai empunhar a bandeira do Bolsonaro na eleição pode ter reflexos muito importantes para a campanha do presidente”, disse Oliveira.

“Não necessariamente quem ganha em São Paulo vence as eleições presidenciais, mas tem muito voto aqui, você não pode ir mal [no estado de SP]. Como nossos colégios eleitorais não são majoritários, como a eleição para presidente, você não necessariamente precisa ganhar em São Paulo, mas você não pode deixar essa diferença ser grande, porque uma diferença de 5% em São Paulo, 10% em São Paulo, é muito voto, e aí você precisa ganhar em diversos outros estados para tirar essa diferença”, concluiu.

O fato de Tarcísio não estar citando o nome de Bolsonaro em sua pré-campanha tem criado um mal-estar com o presidente. No último sábado (9), Bolsonaro participou da Marcha para Jesus na capital paulista, um evento para milhões de pessoas, e não citou o nome do ex-ministro. Mas cientistas políticos descartam uma crise mais grave ou um rompimento entre eles, uma vez que isso poderia prejudicar bastante a campanha de Bolsonaro à reeleição.

 

Fonte: Infomoney

 

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