Após uma manhã tumultuada nesta terça-feira (14), o sindicato que representa os motoristas e cobradores de ônibus entrou em acordo com os empresários do setor e a greve foi suspensa por cinco dias úteis.
A prefeitura liberou verba para o subsídio. Os empresários aceitaram a reivindicação da categoria para que o aumento retroativo de 12,47% comece em maio, não em outubro, e que o reajuste seja aplicado ao vale-refeição.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, confirmou que a paralisação de linhas de ônibus municipais foi encerrada às 15h20.
“O atendimento nas 713 linhas paralisadas está sendo retomado de forma gradativa e deverá se normalizar até o fim do dia. A SPTrans monitora o retorno da frota da cidade para minimizar os impactos na população”, diz o texto.
Ao menos quatro empresas já começaram a retornar à operação:
Antes, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) havia negado o pedido do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), que decretou a greve.
O SindMotoristas informou, em nota, que “após 15 horas de paralisação, motoristas, cobradores e profissionais da manutenção terão o reajuste salarial retroativo à 1º de maio. A greve foi suspensa, outras reivindicações seguirão em negociação”.
“Com o reajuste garantido, debateremos outras questões que ainda estão pendentes como o fim do horário de almoço não remunerado, PLR e o pagamento de 100% das horas extras. Tais assuntos deverão ser debatidos em até 5 dias úteis”, explicou o presidente do sindicato, Valmir Santana da Paz.
Na reunião, que contou com a presença e apoio do presidente licenciado do SindMotoristas, Valdevan Noventa, e do vereador Milton Leite (União), ficou acordado que os trabalhadores que aderiram à greve não terão o dia descontado. O julgamento do dissídio pelo Tribunal Regional do Trabalho deverá ser suspenso.
O TRT afirmou, também por um comunicado, que o julgamento do dissídio da categoria, que estava previsto para acontecer nesta quarta (15), foi suspenso e uma nova data será informada.
“Dessa forma, o desembargador Davi Furtado Meirelles, responsável pelo caso, concedeu prazo até 23/6 para que se manifestem sobre os demais itens do acordo e sobre o interesse no prosseguimento do julgamento, que será marcado para data oportuna caso necessário. A paralisação nos serviços foi iniciada a partir da zero hora desta terça. Diante do consenso entre empresários e trabalhadores, espera-se que a normalização dos serviços ocorra ainda hoje”, diz o texto.
O g1 procurou também o SPUrbanuss no início da tarde, mas atendentes disseram que o representante estava em reunião.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o rodízio permanece suspenso até o fim do desta terça (14), assim como faixas de ônibus e corredores também seguem liberados para veículos. As regras voltarão ao normal nesta quarta-feira (15).
A categoria reivindicava ainda que o mesmo reajuste fosse aplicado à Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Segundo a SPurbanuss, o impacto do aumento de 12,47% será de R$ 45 milhões por mês.
Todos os ônibus do chamado sistema estrutural pararam por conta da greve. A greve afetou 713 linhas e 6,5 mil ônibus, que transportariam 1,5 milhão de passageiros no pico da manhã.
De acordo com a SPTrans, os ônibus do sistema local circularam. São 5.314 ônibus, 11 empresas, que fazem 487 linhas.
A SPTrans afirmou ainda que o sindicato não cumpriu a determinação da Justiça de manutenção de 80% da frota no horário de pico, e que irá cobrar a autuação de R$ 50 mil de multa diária.
Em coletiva nesta manhã, o prefeito Ricardo Nunes considerou a paralisação abusiva e disse que a gestão municipal já acionou a Justiça.
“Está mais do que constatado que foi abusivo a greve, uma vez que eles não atenderam a determinação judicial. Determinação judicial é para ser cumprida. E a prefeitura, passado esse episódio, a gente vai fazer uma cobrança mais dura com relação às empresas, porque eles precisam ter o diálogo com seus funcionários de forma mais contínua, não é possível que todo ano a gente seja pego de surpresa e acabe sobrando para a Prefeitura de São Paulo e para os usuários do transporte”. disse.
Em resposta à Prefeitura de São Paulo, o Sindmotoristas afirmou que tal informação não procede.
“Embora a liminar tenha determinado a manutenção de 80% da frota operando nos horários de pico e 60% nos demais horários, até o presente momento, o setor patronal – representado pelo SPURBANUSS e SPTRANS – não apresentou nenhum plano de operação dos veículos”, diz a nota.
“O planejamento logístico e estratégico da circulação dos ônibus é de responsabilidade exclusiva das empresas e da Secretaria de Transporte e não do sindicato. Diante da omissão das empresas, a adesão da greve foi tomada espontaneamente pelos trabalhadores. É importante destacar que ainda há veículos da frota como os pertencentes ao sistema complementar, operando pela cidade e atendendo a população”, diz o sindicato.
Pessoas em ponto de ônibus na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, na manhã desta terça-feira, 14 de junho de 2022. Motoristas e cobradores de ônibus vão fazer nesta terça-feira, 14, uma paralisação por 24 horas. A negociação salarial com o setor patronal começou em março, mas não chegou a um acordo. O pedido de 12,47% de reajuste salarial, referente ao índice do INPC/IBGE, foi aceito, mas só a partir de outubro; o sindicato exige que a proposta pegue a data-base de 1º de maio. — Foto: BRUNO ROCHA/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
Usuários enfrentaram transtornos desde as primeiras horas da manhã. Após trabalhar de madrugada, um grupo de funcionários de um mercado caminhou mais de duas horas para tentar encontrar um ônibus e voltar para casa.
No segundo dia do emprego, após anos na disputa por vaga, um auxiliar de produção disse à TV Globo que já estava atrasado e temia não conseguir trabalhar.
O Terminal de Santo Amaro ficou vazio, sem veículos. Apenas uma linha, e com veículo menores, atendia os usuários.
O Terminal Grajaú, também na Zona Sul, foi fechado entre 4h e 4h50 após manifestantes utilizarem dois ônibus para interromper o fluxo de veículos.
No Terminal Campo Limpo, 12 linhas foram estendidas até a Vila Sônia, onde os passageiros faziam a integração com o Metrô.
As linhas que vão até o Terminal Vila Nova Cachoeirinha levaram os passageiros até o Metrô Barra Funda.
Garagem de ônibus com todos os veículos estacionados por conta da greve — Foto: Reprodução/TV Globo
Relação de empresas que paralisaram operação em suas garagens:
- Santa Brígida (Zona Norte);
- Gato Preto (Zona Norte);
- Sambaíba (Zona Norte);
- Express (Zona Leste);
- Viação Metrópole (Zona Leste);
- Ambiental (Zona Leste);
- Via Sudeste (Zona Sudeste);
- Campo Belo (Zona Sul);
- Viação Grajaú (Zona Sul);
- Gatusa (Zona Sul);
- KBPX (Zona Sul);
- MobiBrasil (Zona Sul);
- Viação Metrópole (Zona Sul);
- Transppass (Zona Oeste);
- Gato Preto (Zona Oeste).
Relação das empresas que operaram normalmente – Grupo Local de Distribuição
- Norte Buss (Zona Norte)
- Spencer (Zona Norte)
- Transunião (Zona Leste)
- UPBUS (Zona Leste)
- Pêssego (Zona Leste)
- Allibus (Zona Leste)
- Transunião (Zona Sudeste)
- MoveBuss (Zona Leste)
- A2 Transportes (Zona Sul)
- Transwolff (Zona Sul)
- Transcap (Zona Oeste)
- Alfa Rodobus (Zona Oeste)